É Anormal
Ser Infeliz
A infelicidade é uma doença. É uma forma de
auto-envenenamento da mente. Tratemo-la,
pois, como se fora uma doença - como alguma coisa que possua uma cura definitiva
e bem dentro de nosso alcance.
A monotonia da rotina da vida - comer, dormir e trabalhar - é uma das
causas mais preponderantes do aborrecimento e da infelicidade.
Muitas pessoas infelizes são como pequenos barcos que derivam no mar da
vida, navegando sem bússola.
É Você o Responsável Pela Sua Própria Infelicidade?
Existem muitas causas autoprovocadas da
infelicidade: um recuo das responsabilidades da vida, a perda da autoconfiança,
medos e preocupações exageradas, a avidez, "querer", em vez de
"dar", um tipo de existência monótona e sem alegria, sentimentos
de indignidade, de autocondenação, sintomas para atrair a atenção,
imaturidade emocional, solidão, idéia de perseguição e ódio.
A
Infelicidade é uma Atitude da Mente
Existem duas espécies de reações emocionais às
desventuras pessoais: (1) Normal: e (2) Anormal.
Se alguém fica deprimido depois de um acontecimento triste e tiver
reação temporária, consideramos essa pessoa normal. Quando uma pessoa,
porém, recusa ajustar-se à tristeza e permanece cronicamente infeliz -
esta reação é anormal.
Os Neuróticos
Verbalizam e Propagam Sua Infelicidade
Os neuróticos estão sempre lembrando a si próprios seus grandes
infortúnios. Abraçam a dor de encontro ao peito com medo de a esquecerem.
Sentem prazer em contar a todos os amigos os seus aborrecimentos. Como a
infelicidade é contagiosa, desejam reparti-la com alguém que os escute.
Os indivíduos emocionalmente maduros não alardeiam a profunda dor que
sentem. Fazem todas as tentativas para sobreviver aos efeitos psicológicos
de uma tragédia pessoal. Os neuróticos alcançam satisfação vicária na
importância que criam quando captam a atenção e sentimento de pena dos
seus amigos. Sentem prazer na atenção que sua infelicidade desperta. Usam
o vocábulo de uma mente conturbada.
Se Você repentinamente deparar com uma mulher parada num canto, chorando,
Você se sentirá inclinado a perguntar-lhe se poderá fazer alguma coisa
para ajudá-la. Literalmente, existem muitas pessoas que choram, sem a
prova visível de lágrimas; o seu "choro" está disfarçado nas
queixas da sua infelicidade. Como uma agulha de vitrola, presa em
determinado sulco de um disco muito usado, repetem por muitas vezes os
detalhes de um infortúnio passado.
É prejudicial a inocente concessão de simpatia e piedade a uma pessoa que
sempre expressa sua infelicidade. Ser severo ou indiferente também causa
dano. Ninguém gosta de ser
chamado de neurótico ou ser censurado por alguma coisa que não entende e
pensa que não pode evitar.
Requer paciência e habilidade para reeducar-se tal vitima até o ponto em
que a psicologia da sua infelicidade se lhe apresente clara. As motivações
ocultas do estado mórbido da sua mente precisam ser trazidas no nível do
percebimento consciente.
A
Infelicidade na Vida Adulta Muitas Vezes Tem Sua Causa Numa Infelicidade da
Infância
Outra razão por que alguns reagem de maneira normal aos infortúnios
comuns da vida é que a infelicidade não é apenas contagiosa e multas
vezes motivada pela autopiedade, mas também é o
resultado do condicionamento da vida infantil. Assim, queremos dizer que os
adultos infelizes via de regra foram infelizes quando crianças e muito
provavelmente pertenceram a lares infelizes. Continuadamente expostos à
infelicidade de seus pais, tornaram-se afeitos a reações de desprazer de
maneira neurótica. Imitaram os pais durante tantos anos que se esqueceram
de como reagir de outra maneira. Tornaram-se escravos de serem infelizes.
É arriscado casar-se com alguém que é infeliz ou que vem de um lar
infeliz. A tendência é transportar a infelicidade da infância para a vida
conjugal. Os jovens que sofrem de infelicidade crônica não devem pensar em
casamento como solução de seus problemas. A infelicidade é uma doença
psicológica que deveria ser tratada com êxito antes de celebrado o
casamento. A infelicidade, pois, cria um hábito causado por frustrações
arraigadas numa infânciadesditosa.
A
Necessidade de Expiação
Isto nos apresenta outro importante fator que
ajuda a explicar alta incidência da infelicidade neurótica, principalmente
a culpa autoprovocada associada a uma falta de vontade de perdoar a si mesmo
e uma necessidade de expiação - masoquismo - um complexo através
do qual o indivíduo se entrega ao autotormento.
É possível
que Você já tenha ouvido alguém afirmar que certas pessoas
"somente são felizes quando estão infelizes". É equivalente
contradição apresentada quando uma mãe chora no casamento de sua filha e
diz: "Choro porque sou tão feliz!" A mesma coisa se aplica aos
neuróticos que descobrem uma razão para serem infelizes. Desenterra do
passado alguma coisa pela qual se sentem culpados e em seguida passam o
resto da vida expiando essa culpa. Revivem o incidente que
subconscientemente provoca os sentimentos
de culpa a fim de que possam ter alguma coisa para se punirem a si próprios.
Medo de Ser
Feliz
Existe grande número de pessoas que se julgam indignas
da felicidade. Algumas são
até supersticiosas a esse respeito.
Sentem que se demonstrarem
algum sinal de felicidade, algum mal cairá sobre elas. Tais pessoas têm medo de ser felizes.
Os indivíduos dessa categoria na verdade saem à
procura de aborrecimento. Quando ele aparece, satisfaz um
desejo inconsciente: agora possuem
alguma coisa para se
arrepender. A pessoa normal
comete erros acompanhados de resultados desastrosos, mas ao procurar perdão
ela também se perdoa a si
própria. Lucra com essa
experiência e evita praticar
novamente erros da mesma natureza. Os psicanalistas afirmam que os
neuróticos, aqueles que admitem sua infelicidade, obtêm urna satisfação
erótica através dessa necessidade de sofrimento.
Sua infelicidade é uma expiação auto-infligida dos pecados do
passado.
Não Faça
da Infelicidade Seu Álibi
Uma pessoa infeliz é propensa a usar sua
infelicidade como um álibi para suas faltas - senso de desproporção e
inabilidade para assumir responsabilidade. Atribui todas as suas
dificuldades a ter sido vítima da má-sorte. É um bom jeito de enganar-se
a si própria - é como ganhar no jogo-de-paciência, tirando cartas da
parte de baixo do baralho. É a saída mais indolente para não trabalhar
pelas coisas que trazem a felicidade.
Essas pessoas usam seus infortúnios passados para explicar o motivo do seu
procedimento. Sempre que alguém sugere um remédio para o seu estado, elas
se refugiam nos "se" e nos "mas".
O
Que Dizer a Si Próprio Quando Se
Sentir Infeliz?
- A infelicidade é uma doença da mente.
- É contagiosa.
- Esqueça que é infeliz. A infelicidade pode tornar-se um hábito ou uma obsessão.
- Se Você deseja ser feliz reconheça as motivações existentes atrás da sua infelicidade.
- Compreenda que os aborrecimentos aparecem para todos nós. Não é o que acontece, mas sim a sua reação ao acontecido que determina se Você ficará infeliz temporariamente ou se sofrerá de uma infelicidade crônica e neurótica.
- Permaneça ocupado. Não tenha tempo para ser infeliz. Devote a sua energia para ser bondoso para com os outros. A bondade tem sua própria recompensa. Até Buda devia ter sabido disso, pois ele disse: "Praticar um pouco de bondade é mais do que alcançar grandes conquistas". Ele invocava a amizade como um meio de nos libertarmos da infelicidade e do medo, definindo a amizade como uma "afeição imaculada pela esperança ou pensamento de qualquer recompensa na terra ou no céu." A filosofia de Buda sustenta que a "amizade é a única cura para o ódio e a única garantia da paz".
- Não viva no passado. O seu passado é como uma refeição previamente consumida.
- Entre uma carranca e um sorriso, escolha o sorriso. A carranca desaparece. A conseqüência do seu sorriso o tornará feliz interiormente e é aqui que principia a felicidade; é exatamente aí - no seu mundo interior.