Humanos
que são, mães e pais, embora muito amem seus filhos e se empenhem por
fazer-lhes todo o bem possível, ressentem-se de certos defeitos que, uns
mais, outros menos, podem abalar a vida afetiva deles, ou comprometer-lhes o
comportamento futuro.
Eis
alguns, colhidos entre os mais generalizados:
Agressivos
- os que não sabem disciplinar sem apelar para as
agressões, verbais ou físicas, a
saber: berros, humilhações, xingamentos, castigos corporais e
outras formas de violência.
Traumatizam
os filhos, tornando-os excessivamente submissos, ou, ao contrário,
fazendo deles criaturas rebeldes e odientas.
Alcoólatras
- incluem-se nesta rubrica não só os bêbados
propriamente ditos, mas também, os bebericadores mais discretos, que,
levados pelo uso consuetudinário dos aperitivos e dos drinks, a um
estado de irritabilidade permanente, acabam se tornando insuportáveis, tais
e tantos os maus tratos e as importunações que infligem à família.
Geram ansiedades, afetando
seriamente o desenvolvimento psíquico da criança.
Alienados
- Classificação própria dos pais que,
absorvidos pela profissão, pelos negócios ou pela vida social intensa que
levam, nunca estão disponíveis para os filhos, deixando-os ao abandono,
ou, quando muito, entregues aos cuidados de serviçais.
Suscitam
carência afetiva.
Angustiados - Entram
aqui aqueles pais que se preocupam demais com os filhos e
vivem sob o temor de que lhes aconteça sempre o pior. Se, um dia, comem
menos que de costume, receiam estejam doentes; se, noutro, atrasam dez
minutos na volta ao lar, imaginam que tenham sido raptados ou atropelados,
etc.
Contaminam os filhos, fazendo com
que se tornem, também, ansiosos e inseguros.
Chantagistas
- Contam-se entre estes, com mais freqüência, as mães que, não sabendo como granjear a obediência, a
estima e o respeito dos filhos, tentam consegui-lo através de atitudes
perniciosas, quais as frases de efeito: “qualquer dia eu sumo desta
casa!” ou “eu ainda me suicido!”, entremeadas de apelações
sentimentais: "vocês querem me matar de desgosto?", "têm
coragem de me deixar só, sabendo que não me sinto bem?"
Provocam-lhes
angústia e sentimentos de culpa, cujos malefícios podem perdurar por
toda a existência.
Competidores
- Defeito comum entre genitores imaturos, isto é,
mal preparados para tão importante papel. É o pai que disputa com o filho
o bife maior ou briga com ele por qualquer tolice, como se fossem ambos da
mesma idade. Ou a mãe que passa a filha “para trás” em matéria de
vestimenta e, não raro, busca a própria satisfação, destaque social,
etc., em detrimento da filha adolescente, também ansiosa de afirmação e
de participação no banquete da vida.
Desfavorecem
a maturidade dos filhos, os quais, por sua vez, terão dificuldade em
perder ou renunciar a algo, com dignidade.
Desconfiados -
Espreitam todos os passos, controlam todos os telefonemas, enfim vigiam
todos os minutos da vida dos filhos, inquirindo-os sobre todas as suas
atividades. Não lhes respeita, sequer, o sigilo da correspondência e
suspeitam, com freqüência, de coisas de que jamais cogitaram.
Acabam por conduzir os filhos à
mentira ou à linha do cinismo.
Dominadores
- Exigem que os filhos peçam licença para tudo,
até para brincar; que obedeçam de imediato a todas as suas determinações;
que, ao serem admoestados, calem a boca e não lhes respondam nada; que,
mesmo sem a indispensável preparação psicológica, aceitem e se conformem
com toda e qualquer medida ditada exclusivamente pelos interesses
paternos.
Impedem,
assim, que os filhos marchem para a autonomia, um dos objetivos
primordiais da educação.
Fracos
- Aqueles que, seja por indiferença, seja por
medo de não serem amados pelos filhos, não ousam contrariá-los em nada,
cedem a todos os seus caprichos e exigências, suportam seus desacatos e
provocações, limitando-se a constantes ameaças, nas quais ninguém
acredita: "outra vez que você fizer isso”, "qualquer dia
eu te mato!".
Conseqüência
dessa incapacidade de disciplina? Respondem as estatísticas: "Dos
14.000 menores julgados em 1956 na França (delinqüentes), 80% eram
filhos de pais fracos".
Frios
- São os pais que mantêm os filhos à distância; que nada fazem para
atrai-los ou conserva-los junto de si; que nunca dialogam com eles, ou só o
fazem para reclamar de seu comportamento.
Concorrem para que os filhos se
tornem pessoas caladas, introvertidas, com escassos recursos de comunicação.
Frustrados
- Tais são os que, não tendo sido capazes, ou não tendo podido
concretizar determinados ideais, querem obrigar os filhos a serem o que não
conseguiram ser: o primeiro aluno da classe, recordista de natação, exímio
musicista ou um modelo de virtudes.
Quase
sempre, esgotam os filhos com esforços acima de suas forças, ou então
os atormentam, acusando-os de serem pouco inteligentes, desajeitados, de
má índole, etc.
Inseguros
- São aqueles pais que se mostram sempre
indecisos sobre como disciplinar os filhos. Não tendo noção exata de suas
funções, nem dos objetivos a serem atingidos pela educação, ora pecam
pelo excesso de rigor com que os tratam, ora pelo afrouxamento total das
exigências.
Desnorteiam
os filhos, impedindo-os de formar um bom caráter.
Perfeccionistas
- Pretendem obter dos filhos um comportamento
ideal: que aos dois anos sejam asseados, aos quatro tenham cuidado com seus
brinquedos e não os quebrem, aos seis já saibam arrumar suas coisas na
mais completa ordem, aos oito só tragam boas notas da escola, e assim por
diante. É claro que os pais devem estimular os filhos na busca da perfeição,
mas exigir que sejam irrepreensíveis em tudo o que fazem é simplesmente
absurdo, pois nem mesmo os adultos o conseguem.
O perfeccionismo é sempre
contraproducente, porque quando não transforma os educandos em
criaturas escrupulosas, cheias de sentimentos de culpa, pode
conduzi-Ias, numa reação contrária, ao desleixo e ao relaxamento
moral.
Possessivos - Ao
invés de criarem os filhos para o mundo, como lhes compete, libertando-os
gradativamente de sua tutela, a fim de que se tornem capazes de traçar e
palmilhar seus próprios caminhos, estes pais, ao contrário, agem de forma
a mantê-los em total dependência. Considerando os filhos qual propriedade
sua, tudo decidem por eles: o que devem vestir, o que lhes convém comer,
com quais coleguinhas podem brincar e sair, que carreira devem seguir e até
(quando o permitem) com quem se devem casar!
Impedem que os
filhos cresçam, amadureçam a se engajem na Vida.
Superprotetores
- são compreendidos
como tais os progenitores que se excedem nos cuidados que devem ter com os
filhos, protegendo-os mais do que o necessário. Esta superproteção pode
assumir os mais variados aspectos, como, por exemplo, evitar que os filhos
se cansem, que se firam, que fiquem doentes, que sejam influenciados por más
companhias, que sofram decepções, que sejam vitimas de injustiças e
perseguições, etc.
Pessoas às quais
se dispensou demasiada proteção na infância jamais se sentem adultas:
incapazes de defender-se por si mesmas, quando já não tenham quem as
proteja, ficam desarmadas para enfrentar os obstáculos da vida.
Urge reconhecermos quais desses
defeitos nos são comuns e o quanto de esforço nos será exigido no sentido
de eliminá-los, ou pelo menos atenuá-los, para que suas conseqüências
se tornem menos prejudiciais a nossos filhos.