Acontecimentos

16 DE AGOSTO DE 1867

(Sociedade de Paris, médium sr. D...)


13. – A sociedade em geral, dizendo melhor, a reunião de seres, tanto encarnados quanto desencarnados, que compõem a população flutuante de um mundo, em uma palavra, de uma Humanidade, não é outra coisa senão uma grande criança coletiva que, como todo ser dotado de vida, passa por todas as fases que se sucedem em cada um, desde o nascimento até a idade mais avançada; e, do mesmo modo que o desenvolvimento do indíviduo é acompanhado de certas perturbações físicas e intelectuais que incumbem mais particularmente a certos períodos da vida, a Humanidade tem as suas doenças de crescimento, seus transtornos morais e intelectuais. É a uma dessas grandes épocas, que termina um período e que começa outro, a que vos é dado assistir. Participando, ao mesmo tempo, das coisas do passado e das do futuro, sistemas que desmoronam e às verdades que se fundam, tende cuidado, meus amigos, de vos colocar do lado da solidez, do progresso e da lógica, se não quereis ser arrastados à deriva; e abandonar os palácios suntuosos quanto à aparência, mas vacilante pela base e que enterrarão logo sob as suas ruínas os infelizes, bastante insensatos para não quererem dele sair, apesar das advertências de toda natureza, que lhes são prodigalizadas.

Todas as frontes se ensombrecem, e calma aparente, da qual gozais, não serve senão para acumular maior número de elementos destruidores.

Algumas vezes, a tempestade que destrói o fruto dos suores de um ano está precedida de precursores que permitem tomar as precauções necessárias, para evitar, tanto quanto possível, a devastação. Desta vez, isso não será assim. O céu sombrio parecerá se iluminar; as nuvens fugirão, depois, de repente, todos os furores, por muito tempo comprimidos, se desencadearão com uma violência inaudita.

Infelizes aqueles que não terão se preparado um abrigo! Infelizes os fanfarrões que irão ao perigo com o braço desarmado e o peito descoberto! Infelizes aqueles que afrontarão o perigo com a taça na mão! Que decepção terrível os espera? A taça sustentada pela mão não irá alcançar seus lábios, que serão feridos!

À obra, pois, Espíritas, e não esqueçais que deveis ser todo prudência e todo providência. Tendes um escudo, sabei dele se servir; uma âncora de salvação, não a negligencieis.