O
Que é o Amor?
A palavra "amor" é usada milhões de
vezes em poemas, canções, novelas, no palco, no cinema, no rádio, na
televisão e ainda nas conversações diárias. Poucos, no entanto, cogitam
de considerar sua verdadeira aplicação e qual é por fim o real
significado que damos à palavra amor.
As
Coisas Que Todos Devem Entender a Respeito do
Amor
Você é capaz de reconhecer realmente a coisa e
saber quando ama verdadeiramente alguém e quando é também verdadeiramente
amado?
A necessidade básica de afeto é tão predominante em todos nós que o ato
de amar é inconscientemente motivado pelo desejo ou a necessidade de ser
amado. Um elemento narcisista existe em todas as relações de amor.
Demonstramos fisicamente o que desejamos que a outra pessoa nos faça. O
amor no seu melhor sentido é recíproco.
Todos nós nascemos com o instinto de amar, para gozar o dom da
vida. O amor no seu mais amplo sentido é o amor pela vida em si mesma,
para viver e sobreviver.
Esta espécie de amor não depende de pessoas, de circunstâncias, mas
apenas de nós mesmos; é uma entidade do próprio amor. É uma fonte de força
que torna a dor física suportável e a angústia mental tolerável.
Um verdadeiro amor pela vida é o primeiro pré-requisito para o amor que
deve existir entre um homem e uma mulher. Quando cada um entende o real
significado do amor, possui uma boa relação com a família, amigos e
associados.
Ambos estão em paz, com o seu mundo e o seu Deus. Não são atormentados
pelos conflitos. Sem este amor básico e saudável pela vida, o amor romântico
torna-se fraco. Depois do casamento, pequenas brigas, ciúmes, dificuldades
financeiras, doenças, toda espécie de insegurança colocará os cônjuges
na situação de culpar um ao outro. A atração temporária que acreditavam
ser amor se esboroa sob a força do primeiro impacto.
Amor Verdadeiro é ao Mesmo
Tempo Prático e Idealista
No casamento, duas pessoas que basearam sua união num verdadeiro amor são
tolerantes com as deficiências de cada um. O amor verdadeiro luta por uma
afinidade ideal, porque isto é viver no melhor sentido da palavra.
É prático,
porém, quando dá lugar às falhas de cada um.
Às vezes ficamos surpresos ao saber do rompimento de um casamento que
parecia perfeito. "É difícil de se entender. Estavam tão
apaixonados; não se incomodavam com ninguém!
Não davam um passo a não ser juntos!"
O "casal perfeito" verdadeiramente não se amava. Agarrava-se
neuroticamente um ao outro. Um dependia do outro para sustentar um ego
duvidoso e para resguardar-se do medo da vida. A primeira insinuação de
que um dos cônjuges não está vivendo de conformidade com um ideal 100 por
cento é um choque insuportável para o outro. "Como isto pôde
acontecer para mim, para nós?"
Quando duas pessoas conhecem o verdadeiro significado do amor não se
irritam com o companheiro por causa de suas falhas. Não ficam de mau-humor
e não viram as costas para ele, porque não viram as costas para a vida em
geral quando ela deixa de preencher seus ideais.
O amor verdadeiro não é possessivo. É
como o Dr. Harry Overstreet escreveu: "0 amor por uma pessoa não
implica na posse desta pessoa, mas sim na sua afirmação.
Significa conceder-lhe alegremente o direito integral e único do ser
humano. Não se pode amar verdadeiramente uma pessoa e ainda procurar
escravizá-la, através da lei ou pelas algemas da dependência."
Conhecer o real significado do amor também nos salvaguarda contra um
auto-sacrifício anormal. O amor próprio normal é parte do nosso amor
pela vida. É normal importar-se consigo mesmo o suficiente para desejar
alimentar-se bem, sentir-se bem, ter boa aparência e gozar o que a civilização
oferece dentro de uma vida do progresso.
O amor próprio normal é na verdade um respeito por si mesmo. Sem este amor
o homem ou a mulher torna-se fraco ou masoquista, dando lugar ao martírio.
Uma Regra da Natureza
Na relação conjugal, existe uma verdade básica
que os cônjuges deveriam sempre guardar em mente: O amor na sua prática
e no seu aspecto diário significa diferentes coisas para o homem e a
mulher.
Para o marido o amor deve ser predominantemente ativo e protetor.
Para a esposa, o amor deve ser predominantemente receptivo. Isto não
é uma teoria, mas uma regra da Natureza.
A Origem de Todo
Amor é Maternal
O homem moderno está em perigo de se
esquecer disso, embora possua o instinto do amor que na mulher é mais forte
por causa do papel materno. Psíquica e emocionalmente as mulheres são
por natureza equipadas para dar à luz, sustentar e proteger a vida. Os
homens se esquecem que este aspecto da construção feminina afeta toda a
personalidade da mulher. Esquecem que ela é mais sensível e que possui
maior capacidade para amar.
Enquanto crianças, nós todos somos recipientes do amor e da nutrição
provindos da mãe. É a mãe quem nos conserva vivos. O sobreviver para nos
nutrir e nos proteger.
Os homens, na sua maior parte, sabem que, em virtude das suas vidas, estão
em débito para com as mães. Sabem que na infância dependiam delas; que os
alimentavam, os amavam e os protegiam. Quando o homem se torna adulto, deve
recompensar o dom da vida, transferindo o amor e a proteção à mulher com
quem casa. Simbolicamente, protegendo sua esposa, ele está restituindo o
leite materno que lhe deu sobrevivência na infância.
O homem normal é sabedor do seu papel de dar amor e proteção à
mulher.
Os
Eternos Bebês
Quando um homem procura inverter o papel,
tornando-se passivo e receptivo na sua relação para com a mulher, ele é
neurótico. Deseja da mulher na
vida adulta a espécie de mimos que recebeu da sua mãe na infância. Stekel
chama a esses homens de "eternos bebês", que não querem uma
mulher para amar e proteger, mas sim uma que lhes dê
amor.
Infelizmente, o homem moderno está voltando de forma crescente para este
desajuste do papel masculino e feminino.
Infantilismo Adulto
A reação de impotência no homem é um sinal de
que ele é supersensível e infantil. Jamais efetuou a transição para a
maturidade e ainda se considera tão tenro como se fosse uma criança.
Muitos homens caem presa deste pensamento errado porque nosso mundo é
competitivo. Eles precisam trabalhar para sustentar as famílias e sentem
que já fizeram tudo que deles é exigido quando trazem para casa o cheque
de pagamento.
É verdade que a primeira função do homem na vida é trabalhar para
atingir suas ambições para ser auto-suficiente e ganhar para sustentar a
família. A fim de levar avante esta função primordial, porém, o homem
necessita, durante este esforço competitivo, de amor e companhia.
0
Amor e o Companheirismo
Precisam ser Conquistados
Os maridos se esquecem de que o amor e
companheirismo não chegam a ninguém por graça divina.
Estas coisas precisam ser merecidas.
Um homem não as consegue por exigência, mas por doação.
O homem que luta para fazer sua mulher feliz é bem recompensado; ela
não apenas tenta torná-lo feliz, mas também os frutos do amor de ambos se
refletem no lar e nos filhos.
Tenho observado que um número elevado de homens neuróticos tem do amor um
conceito comercial - tanto por tanto. Querem a medida completa e observam
desconfiados para terem a certeza de que a tem, como pechincheiros do
mercado.
Os homens que conservam esta atitude para com as mulheres estão não só
enganando a elas, mas também a si próprios. Arruínam sua própria
capacidade de amar espontaneamente, exterminam o amor do coração das
esposas. Pertencem a escolas de pensamento de auto-satisfação, não fazem
esforço algum para compreender a psicologia do amor e muito menos a
psicologia da mulher. "As
mulheres, argumentam eles, são um enigma.
Existem para ser possuídas e não compreendidas. Não
há vantagem alguma em tentar entender a mulher".
Depois se admiram porque suas relações sexuais com suas mulheres são
deficientes.
O
Sexo Pode ser Uma Demonstração de Amor
O ato sexual entre o homem e a mulher pode
representar a mais alta expressão do amor.
Ê a parte do amor parental que é a fonte de toda a alegria da vida.
Como uma expressão do amor entre o homem e a mulher, observamos que ele
renova e estreita, torna a despertar em ambos a percepção do instinto do
amor, para sobreviverem ao desastre unidos e para gozarem a vida por amor à
mesma vida.
As Crianças Precisam ser
Ensinadas a Amar
A menos que uma criança seja ensinada, ela não
poderá por si mesma entender o significado do verdadeiro amor e possuir uma
fortaleza contra os ferimentos e as frustrações que encontrará na vida.
O que acontece quando uma criança cai ou se corta pela primeira vez? Ela
grita em sinal de protesto. Fica
amedrontada. Uma criança pequenina em geral pergunta: "Mamãe, será
que o sangue vai sair todo? Será que vou morrer?"
A mãe deve ensinar-lhe como suportar esta experiência. Desinfetará o
corte, colocará uma bandagem e a hemorragia cessará. Deverá então
reassegurar à criança que o acidente e uma ocorrência comum em todos nós,
que haverá uma cicatrização e que ela não morrerá.
E a respeito dos seus ferimentos emocionais que virão mais tarde? Os
ferimentos no seu orgulho, as suas esperanças e as ameaças à sua segurança?
Nós, na maioria, jamais fomos, quando crianças, ensinadas a
suportar nossos cortes e nossas contusões no campo emocional, com coragem.
Nunca fomos ensinados a amar a vida num sentido amplo que nos
capacitará a suportar os prejuízos e as perdas de ordem pessoal com a
confiança de que a cicatrização virá.
Nós; na verdade, temos um instinto que pode tornar se o inimigo do amor: é
o medo. Um bebê pode demonstrar uma alegria natural pela vida, mas
demonstrará também um medo natural. Se Você bater palmas bruscamente atrás
dele, ele ficará tenso e chorará de medo.
Com o passar do tempo, se o bebê estiver sujeito a muitos medos, se o mundo
exterior lhe infligir muitos abalos e ferimentos, seu amor-próprio normal
se tornará neurótico. Todo seu
instinto para amar se tornará introvertido, como medida autoprotetora.
Crescerá neuroticamente egoísta porque se sente amedrontado e inseguro.
Existem muitas maneiras através das quais o instinto de amar numa criança
pode ser danificado. Ela pode ser impossibilitada fisicamente ou possuir
pais que a tratem de maneira cruel ou indiferente. Pode também ter sido
tirada à força por motivo de morte, da companhia de alguém que amava.
As Conseqüências da
Inseguridade do Amor
A medida
que uma criança se torna adulta ela precisa enfrentar muitos
desapontamentos e amargos
fracassos. Estas coisas, infligidas
pelo mundo exterior, a tornam primeiramente medrosa e depois ressentida. Finalmente,
sua inseguridade a torna desconfiada
e hostil para com o mundo.
Pelo que lhe aconteceu, começou a odiar todas as pessoas.
Pode rejeitar a vida tão violentamente que se torna alcoólatra, viciada em
drogas ou criminosa. Pode até matar-se num gesto de vingança contra
o mundo que a tratou com injustiça.
A pessoa que se torna neurótica
por causa do medo sente que foi especialmente escolhida para ser ferida e
desapontar-se. A vida moderna produz muitos indivíduos desta espécie,
em virtude da vida ser complexa e
competitiva, havendo sempre desafios à nossa segurança.
Maior do que qualquer outra ameaça
é o dano ao instinto
interior do amor. O egoísmo
neurótico é como um câncer para o amor.
Mata a própria força existente em nós, que cicatriza as nossas mágoas e
nos fortifica depois de um golpe desferido pelo Destino.
O verdadeiro significado do amor exige o controle do medo. Para
ganhar o poder integral do amor, cada homem precisa aprender
a estimar a quantidade de insegurança que a vida lhe tem imposto,
sem desespero. Deve lembrar que o medo é universal, um instinto de
autopreservação; mas somente é protetor quando controlado.
Quão Adulto é Você com
Relação ao Amor?
Existem duas
espécies de amor:
1. Amor normal ou adulto
2. Amor neurótico ou imaturo.
Para sermos capazes de amar é preciso crescermos
emocionalmente. A imaturidade emocional é uma barreira para um amor
normal. Você não pode esperar conquistar o respeito e o amor se ainda
continua agarrado às saias de sua mãe.
Tal "cordão de prata" pode
levá-lo do ventre à sepultura.
Você precisa
ter certa confiança em si
mesmo antes que seja capaz de amar.
O
Amor Controla o Medo e o Ódio
No mundo de hoje as psicologias raciais, os
ajuntamentos em clãs e as filosofias políticas dividem os homens em campos
hostis. Seus membros se sentem ameaçados. Odiando o resto do mundo eles
acreditam que a reposta para o seu medo está na imposição da sua
filosofia aos seus semelhantes, conquistando e governando através da
guerra, se necessário.
O homem de senso sabe que não pode parar a chuva, mas pode proteger-se
dela. Não pode deixar de compreender que - juntamente com o bem - o ódio,
a corrupção, a hipocrisia e o cinismo campeiam em nossa sociedade. Ele
sabe que não pode terminar com as guerras já em curso. Pode, porém,
proteger sua serenidade daqueles que desejam torna-lo cínico. Ele pode
espalhar sua própria medida de boa-vontade.
A Onipotência do Amor
O poder da boa vontade, do instinto do amor no
homem não é uma questão de conjetura. É demonstrado diariamente.
Ajustamo-lo em força total quando um grupo pequeno defende sua terra natal
contra forças individualistas. Vemo-lo incitar os homens a realizar
salvamentos quase inacreditáveis quando seu semelhante está em perigo de
vida. Esta é a força que une as pessoas que enfrentam um desastre comum e
investe cada homem com a força de todos.
O Desenvolvimento da Capacidade de Amar
Todas as pessoas nascem com a capacidade de amar.
O amor não é coisa que apenas acontece. O amor é alguma coisa que
cultiva. É parte do instinto de autopreservação. A fonte de amor é
universal. Cada pessoa deseja ser amada. Viver é amar. Amar é viver.
Algumas pessoas acham difícil dar expansão ao amor por causa de conflitos
internos que dão em resultado a solidão e a infelicidade. Outras são
incapazes de aceitar o amor pela mesma razão. As pessoas que possuem
amor-próprio em excesso (narcisismo) encontram dificuldade para amar; e
aquelas que não possuem amor-próprio suficiente, que são insatisfeitas
consigo mesmas, também experimentam dificuldade em expressar amor.