É do conhecimento geral que cada um de nós possui um "conjunto de disposições psíquicas que nos impelem a agir e reagir de maneira própria e pessoal às impressões externas", ao que se dá o nome de caráter ou personalidade.
Assim, o bom relacionamento de um casal depende, bastante, de que suas personalidades se harmonizem. Para que isso aconteça, nem sempre é desejável pertencerem ambos os cônjuges ao mesmo tipo caracterológico, já que, muitas vezes, um precisa completar as virtudes que faltam ao outro.
Comumente, as pessoas não se identificam de forma exata e total com um só espécime, antes demonstram ser dotadas de qualidades inerentes a mais de uma personalidade. Os traços marcantes de alguns tipos, entretanto, são os seguintes:
Agressivo - sujeito a freqüentes crises de cólera, nas quais briga, critica, provoca, xinga, descontrola-se e chega a espancar os que estejam ao alcance de suas mãos (ou pés). Irritadiço, agasta-se facilmente, criando em torno de si um ambiente de constrangimento, mal-estar e tensão nervosa.
Autoritário - que se caracteriza pela arrogância e firmeza; impõe, intransigentemente, sua vontade; não se verga a argumentos e razões que lhe demonstrem estar errado, nem volta atrás em suas decisões; ordena e coordena, manda e comanda tudo.
Ciumento - próprio de pessoa insegura, com neurose de caráter ou complexo de inferioridade. Não suporta que outrem seja mais bem aquinhoado de afeto, assim como, não acreditando muito em seus próprios atributos, com que enfrentar possíveis rivais, está sempre a temer que estes lhe roubem o objeto de seu amor. Um pequeno atraso, um gesto de cortesia ou um sorriso, dado a ou recebido de colegas, amigos e mesmo parentes, basta-lhe para produzir "cenas", que, à força de serem repetidas, podem levar o “outro” ao desespero.
Entusiasta - aquele que é animado e ama a vida; nutre belos ideais e luta por eles; não se deixa abater por eventuais reveses, nem fica à espera de oportunidades para melhorar sua situação; ao contrário cria condições de sucesso com a fé em si mesmo, seus esforços e sua perseverança.
Folgazão
- de espírito alegre, brincalhão, expansivo, que
gosta de contar e ouvir piadas, não leva nada a sério e, qualquer que seja
a circunstância, sempre encontra motivos para rir, dando, com isso, a
impressão de ser um tanto ou quanto irresponsável.
Implicante - o que vive a implicar e a ralhar com todos a respeito de tudo. Com um, porque não limpou os pés ao entrar em casa; com outro, porque não repôs a tesoura no devido lugar; com esta, porque o almoço foi servido com cinco minutos de atraso; com aquela, porque se demora ao espelho, etc., etc., etc...
Maternal - que se evidencia por atitudes protetoras; estende seus cuidados e ternura a todos que o cercam e trata o cônjuge como se fosse criança.
Meigo - sempre afável, carinhoso, calmo, gentil, ponderado, de maneiras delicadas, incapaz de erguer a voz ou perder a paciência.
Passivo
- o apático sem vontade própria, partidário do
"laissez-faire" (deixa fazer); comenta seus problemas com
todo mundo, na esperança de que alguém os resolva para ou por ele.
Pessimista - que se
inclina à desconfiança, com medo de ser iludido em seus
sentimentos ou prejudicado em seus interesses; está sempre a
fazer mau juízo do próximo; espera o pior de tudo, encara os fatos da
existência invariavelmente pelos seus aspectos menos felizes e, quando
solicitado a opinar sobre a conveniência de qualquer realização, só sabe
desencorajar, desmerecer, demolir.
Suscetível - aquele que se melindra com
facilidade, toma qualquer desatenção à sua pessoa como ofensa. fica
amuado longo tempo por um "dá cá aquela palha", tornando, desse
modo, extremamente difícil manter-se com ele uma convivência espontânea e
agradável.
Tímido - o que, por acanhamento ou covardia, evita aparecer, demonstrar o que sabe, intervir nas conversações, assumir posição de liderança, etc., carecendo ser "empurrado" até mesmo para reclamar direitos líquidos e certos.
A simples enumeração acima deixa
clara que uma esposa agressiva ou ciumenta, por exemplo, só poderá ter um
lar relativamente tranqüilo com um parceiro do tipo meigo ou folgazão. Se
for igual a ela, a casa, certamente, pegará fogo.
Um
marido passivo viveria às mil maravilhas com uma esposa do tipo maternal, já
que ela não o importunaria por nada, resolvendo, sozinha, e com que gozo -
todos os casos e interesses da sociedade conjugal. Tal criatura, porém, não
teria chance de ser bem sucedida com um marido do tipo autoritário, pois
este não lhe suportaria a maneira de ser. Um cônjuge pessimista, em sendo
influenciado por outro do tipo entusiasta, pode não criar maiores
dificuldades à família, mas, unido a um tímido, que desastre.
Que se esperar, então, do consórcio
de um homem implicante com uma mulher suscetível?
Como se vê, não convém à moça casadoira aceitar o primeiro que lhe peça a mão, mas sim esperar aquele que, por seu caráter, possa oferecer-lhe maiores garantias, de êxito na vida matrimonial.
Não
deve o rapaz núbil, igualmente, escolher esposa como escolheria um automóvel:
por suas linhas, mas atentando bem para os predicados que lhe exortem o espírito
e o coração. Nada é mais efêmero que a beleza física e todo casamento
que não tiver a alicerçá-lo algo mais profundo e estável que a simples
paixão carnal, tende a desmantelar-se.
“Muitos são os que acreditam amar perdidamente, porque apenas julgam pelas aparências, e que, obrigados a viver em comum, não tardam a reconhecer que só experimentaram um encantamento material! Não basta uma pessoa estar enamorada de outra que lhe agrada e em quem supõe belas qualidades. Vivendo realmente com ela é que poderá apreciá-la. Cumpre não se esqueça de que é o Espírito quem ama e não o corpo, de sorte que, dissipada a ilusão material, o Espírito vê a realidade.”