CAPÍTULO PRIMEIRO - O homem é "capaz" de Deus
1. "Tu és grande. Senhor, e muito digno de louvor [...]. Tu nos fizeste para ti e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em ti" (Santo Agostinho). 30
2. Por
que há no homem o desejo de Deus?
O
próprio Deus, ao criar o homem à própria imagem, inscreveu no coração dele o
desejo de o ver. Ainda que esse desejo seja com frequência ignorado, Deus não
cessa de atrair o homem a si, para que viva e encontre nele aquela plenitude de
verdade e de felicidade que procura sem descanso. Por natureza e por vocação, o
homem é, portanto, um ser religioso, capaz de entrar em comunhão com Deus. Essa
íntima e vital ligação com Deus confere ao homem a sua fundamental dignidade.
27-50 44-45
3. Como
se pode conhecer a Deus apenas com a luz da razão?
Partindo da criação, ou seja, do mundo e da pessoa humana, o homem pode,
simplesmente com a razão, conhecer com certeza a Deus como origem e fim do
universo e como sumo bem, verdade e beleza infinita. 51-36 46-47
4. Basta
apenas a luz da razão para conhecer o mistério de Deus?
O
homem, ao conhecer a Deus apenas com a luz da razão, encontra muitas
dificuldades. Além do mais, não pode entrar sozinho na intimida de do mistério
divino. Por isso, Deus quis iluminá-lo com a sua revelação, não somente sobre
verdades que superam a compreensão humana, mas também sobre verdades religiosas
e morais que, embora acessíveis de per si à razão, podem ser assim conhecidas
por todos sem dificuldade, com firme certeza e sem mistura de erro. 57-58
5. Como
se pode falar de Deus?
Pode-se falar de Deus a todos e com todos, a partir das perfeições do homem e
das outras criaturas, as quais são um reflexo, embora limitado, da infinita
perfeição de Deus. É preciso, todavia, purificar continuamente a nossa linguagem
de tudo o que contém de imaginativo e de imperfeito, sabendo-se que não se
poderá jamais exprimir plenamente o infinito mistério de Deus. 59-45 48-49