Compêndio do Catecismo da Igreja Católica - www.pastoralis.com.br

CAPITULO TERCEIRO - Os sacramentos a serviço da comunhão e da missão

321. Quais são os sacramentos a serviço da comunhão e da missão?

Dois sacramentos, a Ordem e o Matrimônio, conferem uma graça especial para uma missão particular na Igreja a serviço da edificação do povo de Deus. Eles contribuem em particular para a comunhão eclesial e para a salvação dos outros. 1533-1535

O SACRAMENTO DA ORDEM

322. O que é o sacramento da Ordem?

É o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos seus Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até o final dos tempos. 1536

323. Por que se chama sacramento da Ordem?

Ordem indica um corpo eclesial de que se passa a fazer parte mediante uma especial consagração (Ordenação), a qual, por um particular dom do Espírito Santo, permite exercer um sagrado poder em nome e com a autoridade de Cristo a serviço do Povo de Dens. 1537-1538

324. Como se situa o sacramento da Ordem no desígnio divino da salvação?

Na Antiga Aliança, são prefigurações desse sacramento o serviço dos Levitas, bem como o sacerdócio de Aarão e a instituição dos setenta "Anciãos" (Nm 11,25). Essas prefigurações encontram seu cumprimento, em Cristo Jesus, o qual, com o sacrifício da sua cruz, é o "único [...] mediador entre Deus e os homens" (1Tm 2,5), o "sumo Sacerdote à maneira de Melquisedec" (Hb 5,10). 0 único sacerdócio de Cristo se torna presente pelo sacerdócio ministerial. 1539-1546 1590-1591 "Somente Cristo é o verdadeiro sacerdote; os outros são os seus ministros" (Santo Tomás de Aquino).

325. De quantos graus se compõe o sacramento da Ordem?

Compõe-se de três graus, que são insubstituíveis para a estrutura orgânica da Igreja: o episcopado, o presbiterado e o diaconato. 1554 1593

326. Qual é o efeito da Ordenação episcopal?

A Ordenação episcopal confere a plenitude do sacramento da Ordem, faz do bispo o legítimo sucessor dos Apóstolos, insere-o no Colégio episcopal, partilhando com o papa e os outros bispos a solicitude por todas as Igrejas, e lhe confia os ofícios de ensinar, santificar e reger. 1557-1558 1594

327. Qual é o ofício do bispo na Igreja particular a ele confiada?

O bispo, a quem é confiada a Igreja particular, é o princípio visível e o fundamento da unidade dessa Igreja, em relação à qual exerce como vigário de Cristo, o oficio pastoral, ajudado pelos próprios presbíteros e diáconos. 1560-1561

328. Qual é o efeito da Ordenação presbiteral?

A unção do Espírito marca o presbítero comum com um caráter espiritual indelével, configura-o a Cristo sacerdote e o torna capaz de agir no Nome de Cristo Cabeça. Sendo cooperador da Ordem episcopal, ele é consagrado para pregar o Evangelho, para celebrar o culto divino, sobretudo a Eucaristia de que tira força o seu ministério, e para ser o pastor dos fiéis. 1562-1567 1595

329. Como o presbítero exerce o próprio ministério?

Mesmo sendo ordenado para uma missão universal, ele a exerce numa Igreja particular, em fraternidade sacramental com os outros presbíteros que formam o "presbitério" e que, em comunhão com o bispo e em dependência dele, têm a responsabilidade da Igreja particular. 1568

330. Qual é o efeito da Ordenação diaconal?

0 diácono, configurado a Cristo servo de todos, é ordenado para o serviço da Igreja, que ele exerce sob a autoridade do próprio bispo, a respeito do ministério da Palavra, do culto divino, da orientação pastoral e da caridade. 1569-1571 1596

331. Como se celebra o sacramento da Ordem?

Para cada um dos três graus, o sacramento da Ordem é conferido mediante a imposição das mãos sobre a cabeça do ordenando por parte do bispo, que pronuncia a solene oração consagradora. Com ela o Bispo invoca de Deus para o ordenando a especial efusão do Espírito Santo e dos seus dons, em vista do ministério. 1572-1574 1597

332. Quem pode conferir esse sacramento?

Cabe aos bispos validamente ordenados, como sucessores dos Apóstolos, conferir os três graus do sacramento da Ordem. 1575-1576 1600

333. Quem pode receber esse sacramento?

Pode recebê-lo validamente apenas o batizado de sexo masculino: a Igreja se reconhece ligada a essa escolha feita pelo próprio Senhor. Ninguém pode exigir receber o sacramento da Ordem, mas deve ser considerado apto ao ministério pela autoridade da Igreja. 1577-1578 1598

334. Exige-se o celibato de quem recebe o sacramento da Ordem?

Para o episcopado é sempre exigido o celibato. Para o presbiterado, na Igreja latina, ordinariamente escolhem-se homens crentes, que vivem como celibatários e que têm intenção de manter-se no celibato "pelo reino dos céus" (Mt 19,12); nas Igrejas Orientais não é permitido casar-se depois de ter recebido a ordenação. Ao diaconato permanente podem ter acesso também homens já casados. 1579-1580 1599

335. Quais são os efeitos do sacramento da Ordem?

Esse sacramento dá uma especial efusão do Espírito Santo, que configura o ordenado a Cristo na sua tríplice função de Sacerdote, Profeta e Rei, segundo os respectivos graus do sacramento. A ordenação confere um caráter espiritual indelével: por isso não pode ser repetida nem conferida por um tempo limitado. 1581-1589

336. Com que autoridade é exercido o sacerdócio ministerial?

Os sacerdotes ordenados, no exercício do ministério sagrado, falam e agem não por autoridade própria nem por mandato ou por delegação da comunidade, mas na Pessoa de Cristo Cabeça e em nome da Igreja. Portanto, o sacerdócio ministerial se diferencia essencialmente e não apenas por grau do sacerdócio comum dos fiéis, a serviço do qual Cristo o instituiu. 1547-1553 1592

O SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO

337. Qual é o desígnio de Deus sobre o homem e sobre a mulher?

Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a mulher, chamou-os no Matrimônio a uma íntima comunhão de vida e de amor entre si, "assim, eles não são mais dois, mas uma só carne" (Mt 19,6). Ao abençoá-los, Deus lhes disse: "Sede fecundos e prolíficos" (Gn 1,28). 1601-1605

338. Para que fins Deus instituiu o Matrimônio?

A união matrimonial do homem e da mulher, fundada e estruturada com leis próprias pelo Criador, por sua natureza está ordenada à comunhão e ao bem dos cônjuges e à geração e educação dos filhos. A união matrimonial, segundo o originário desígnio divino, é indissolúvel, como afirma Jesus Cristo: "Não separe, pois, o homem o que Deus uniu" (Mc 10,9). 1659-1660

339. De que modo o pecado ameaça o Matrimônio?

Por causa do primeiro pecado, que provocou também a ruptura da comunhão dada pelo Criador entre o homem e a mulher, a união matrimonial é muitas vezes ameaçada pela discórdia e pela infidelidade. Todavia, Deus, na sua infinita misericórdia, dá ao homem e à mulher a sua graça para realizar a união das suas vidas segundo o originário desígnio divino. 1606-1608

340. O que ensina o Antigo Testamento sobre o Matrimônio?

Deus, sobretudo por meio da pedagogia da Lei e dos profetas, ajuda seu povo a amadurecer progressivamente a consciência da unicidade da indissolubilidade do Matrimônio. A aliança nupcial de Deus com Israel prepara e prefigura a Aliança nova realizada pelo Filho de Deus, Jesus Cristo, com a sua esposa, a Igreja. 1609-1611

341. Qual é a novidade dada por Cristo ao Matrimônio?

Jesus Cristo não só restabelece a ordem inicial querida por Deus, mas dá a graça para viver o Matrimônio na nova dignidade de sacramento, que é o sinal do seu amor esponsal pela Igreja: "Maridos, amai as vossas mulheres como Cristo amou a Igreja" (Ef 5,25). 1612-1617 1661

342. O Matrimônio é uma obrigação para todos?

O Matrimônio não é uma obrigação para todos. Em particular Deus chama alguns homens e mulheres a seguir o Senhor Jesus na via da virgindade e do celibato pelo Reino dos céus, renunciando ao grande bem do Matrimônio para se preocupar com as coisas do Senhor e procurar agradar-Lhe, tornando-se sinal da absoluta primazia do amor de Cristo e da ardente expectativa da sua vinda gloriosa. 1618-1620

343. Como se celebra o sacramento do Matrimônio?

Uma vez que o Matrimônio estabelece os cônjuges num estado público de vida na Igreja, a sua celebração litúrgica é pública, na presença do sacerdote (ou da testemunha qualificada pela Igreja) e das outras testemunhas. 1621-1624

344. O que é o consenso matrimonial?

O consenso matrimonial é a vontade expressa por um homem e por uma mulher de se doar mutuamente e definitivamente, com o objetivo de viver uma aliança de amor fiel e fecundo. Uma vez que o consentimento faz o Matrimônio, ele é indispensável e insubstituível. Para tornar válido Matrimônio, o consenso deve ter como objeto o verdadeiro Matrimônio ser um ato humano, consciente e livre, não determinado por violência ou constrangimentos. 1625-1632 1662-1663

345. O que se exige quando um dos esposos não é católico?

Para serem lícitos, os matrimônios mistos (entre católico e batizado não-católico) exigem a licença da autoridade eclesiástica. Os que têm disparidade de culto (entre católico e não-batizado) para serem válidos têm necessidade de uma dispensa. Em todo caso, é essencial que os cônjuges não excluam a aceitação dos fins e das propriedades essenciais do Matrimônio, e que o cônjuge católico confirme os compromissos, conhecidos também pelo outro cônjuge, de manter a fé e de garantir o Batismo a educação católica dos filhos. 1633-1637

346. Quais são os efeitos do sacramento do Matrimônio?

O sacramento do Matrimônio gera entre os cônjuges um vínculo perpétuo e exclusivo. 0 próprio Deus sela o consenso dos esposos. Portanto, o Matrimônio concluído e consumado entre batizados jamais pode ser dissolvido. Além disso, esse sacramento confere aos esposos a graça necessária para atingir a santidade na vida conjugal e para o acolhimento responsável dos filhos e a educação deles. 1638-1642

347. Quais são os pecados gravemente contrários ao sacramento do Matrimônio?

São: o adultério; a poligamia, porquanto contradiz a igual dignidade entre o homem e a mulher, a unicidade e a exclusividade do amor conjugal; a rejeição da fecundidade, que priva a vida conjugal do dom dos filhos; o divórcio, que transgride a indissolubilidade. 1645-1648

348. Quando a Igreja admite a separação física dos esposos?

A Igreja admite a separação física dos esposos quando a coabitação deles se tornou, por motivos graves, praticamente impossível, embora deseje muito uma reconciliação deles. Mas eles, enquanto vive o cônjuge, não estão livres para contrair uma nova união, a menos que seu Matrimônio seja nulo e como tal seja declarado pela autoridade eclesiástica. 1629 1649

349. Qual é a atitude da Igreja em relação aos divorciados recasados?

Fiel ao Senhor, a Igreja não pode reconhecer como Matrimônio a união dos divorciados recasados civilmente. "Se alguém repudia sua mulher se casa com outra, é adúltero com respeito à primeira; e se a mulher repudia seu marido e se casa com outro, ela é adúltera" (Mc 10,11-12). Para com eles a Igreja tem uma atenta solicitude, convidando-os a uma vida de fé, à oração, às obras de caridade e à educação cristã dos filhos. Mas eles não podem receber a absolvição sacramental nem se aproximar da comunhão eucarística nem exercer certas responsabilidades eclesiais enquanto perdura essa situação, que objetivamente contraria a lei de Deus. 1650-1651 1665

350. Por que a família cristã é chamada também de Igreja doméstica?

Porque a família manifesta e realiza a natureza de comunhão e familiar da Igreja como família de Deus. Cada membro, segundo o próprio papel, exerce o sacerdócio batismal, contribuindo para fazer da família uma comunidade de graça e de oração, escola das virtudes humanas e cristãs, lugar do primeiro anúncio da fé aos filhos. 1655-1658 1666