Compêndio do Catecismo da Igreja Católica - www.pastoralis.com.br

II Parte – A Celebração do Mistério Cristão

Joos Van WASSEMIOVE, Jesus dá a comunhão aos Apóstolos, Galleria Nazionale Belle Marche, Urbino

No quadro aqui apresentado, Jesus se aproxima dos apóstolos a mesa e dá a comunhão a cada um. É um gênero de pintura que mostra a grande piedade eucarística da Igreja ao longo dos séculos. “Sine dominico non possumus" Dizia o mártir Emérito no início do século IV, durante uma das mais ferozes perseguições contra os cristãos, a de Diocleciano em 304 d.C. Acusado de ter participado da Eucaristia com a sua comunidade, afirma sem reticências: "Sem a Eucaristia não podemos viver”. E uma das mártires acrescentou: "Sim, fui a assembléia e celebrei a ceia do Senhor com meus irmãos, porque sou cristã" (Cap. 11 e 7, 16). Por essa Fidelidade eucarística, os 49 mártires norte-africanos foram condenados à morte. Jesus eucarístico era a verdadeira vida para Saturnino e para os seus companheiros mártires de Abitine, na Africa pró-consular. Preteriram morrer em vez de privar-se do alimento eucarístico, pão de vida eterna.

Santo Tomás de Aquilo costumava, ao meio dia, ir à igreja e com confiança e abandono encostar sua fronte no tabernáculo num colóquio íntimo com Jesus Eucaristia. O grande teólogo medieval é também conhecido por ter composto o Ofício da Festa de Corpus Christi, no qual exprime toda a sua profunda devoção eucarística.

No Hino de Louvor (Verbum supermum prodiens), está a síntese da espiritualidade eucarística católica: "Ao ser entregue à morte pelo traidor a seus cúmplices, [Jesus] deu-se a si mesmo como alimento aos discípulos. Sob dupla espécie deu-lhes a Carne e o Sangue; de modo que com dupla substância alimentasse o homem todo. Ao nascer deu-se como companheiro, ao sentar-se a mesa com eles como alimento, ao morrer como recompensa".

Tomás de Aquino, que chamava a Eucaristia "cume e perfeição de toda a vida espiritual", apenas oprime a consciência de fé da Igreja que crê na Eucaristia, como presença viva de Jesus entre nós e alimento necessário de vida espiritual. A Eucaristia constitui o fio de ouro que, a partir da última ceia, liga todos os séculos da história da Igreja até nós hoje. As palavras da consagração "Isto é o meu corpo" e Isto é o meu sangue" foram pronunciadas sempre e em toda parte, mesmo nos gulag, nos campos de extermínio, nas milhares de prisões ainda hoje existentes. É sobre esse horizonte eucarístico que a Igreja funda a sua vida, a sua comunhão e a sua missão.