Passes

Martins Peralva – Estudando a Mediunidade - FEB

O socorro, através de passes, aos que sofrem do corpo e da alma, é instituição de alcance fraternal que remonta aos mais recuados tempos.

O Novo Testamento, para referir-nos apenas ao movimento evangélico, é valioso repositório de fatos nos quais Jesus e os apóstolos aparecem dispensando, pela imposição das mãos ou pelo influxo da palavra, recursos magnéticos curadores.

Nos tempos atuais tem cabido ao Espiritismo, na sua feição de Consolador Prometido, conservar e difundir largamente essa modalidade de socorro espiritual, embora as crônicas registrem semelhante atividade no seio da própria Igreja, através de virtuosos sacerdotes.

Os centros espiritas convertem-se, assim, numa espécie de refúgio para aqueles que não encontram na terapêutica da Terra o almejado lenitivo para os seus males físicos e mentais.

André Luiz não esqueceu de, no seu livro, preparar interessante capitulo, a que denominou «Serviço de passes», no qual se nos deparam oportunos e sábios esclarecimentos quanto à conduta do passista e daquele que procura beneficiar-se com o socorro magnético.

Neste capítulo, referir-nos-emos ao trabalho do médium passista, ou seja, aos requisitos indispensáveis aos que neste setor colaboram.

Existem dois tipos de passes, assim discriminados:

a) - Passe ministrado com os recursos magnéticos do próprio médium;

b) - Passe ministrado com recursos magnéticos hauridos, no momento, do Plano Divino.

Convém lembrarmos que, em qualquer dessas modalidades, o passe procede sempre de Deus.

Esta certeza deve contribuir para que o médium seja uma criatura humilde, cultivando sempre a idéia de que é um simples intermediário do Supremo Poder, não lhe sendo licito, portanto, atribuir a si mesmo qualquer mérito no trabalho.

Qualquer expressão de vaidade, além de constituir insensatez, significará começo de queda.

Além da humildade, deve o passista cultivar as seguintes qualidades:

a) - Boa vontade e fé;

b) - Prece e mente pura;

c) - Elevação de sentimentos e amor.

Àquele que mais tem, mais lhe será dado», afirmou Jesus.

Nas palavras do Senhor encontramos valioso estimulo a todos os continuadores de sua obra, inclusive aos que viriam depois, à conquista dos bens divinos, a se expressarem pela multiplicação dos recursos de ajudar e servir em seu nome.

As qualidades ora enumeradas constituem fatores positivos para o médium passista.

A prece, especialmente, representa elemento indispensável para que a alma do passista estabeleça comunhão direta com as forças do Bem, favorecendo, assim, a canalização, através da mente, dos recursos magnéticos das esferas elevadas.

A oração é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente mental que atrai.

Por ela, consegue o passista duas coisas importantes e que asseguram o êxito de sua tarefa:

a) - Expulsar do próprio mundo interior os som brios pensamentos remanescentes da atividade comum, durante o dia de lutas materiais;

b) - Sorver do plano espiritual as substâncias renovadoras de que se repleta, a fim de conseguir operar com eficiência, a favor do próximo.

Através dessa preparação em que <se limpa>, para, limpo, melhor servir, consegue o médium, simultaneamente, ajudar e ser ajudado.

Receber e dar ao mesmo tempo.

Quanto mais se renova para o Bem, quanto mais se moraliza e se engrandece, espiritualizando-se, maiores possibilidades de servir adquire o companheiro que serve ao Espiritismo Cristão no setor de passes.

A renovação mental é como se fosse um processo de desobstrução de um canal comum, a fim de que, por ele, fluam incessantemente as águas.

A nossa mente é um canal.

Mente purificada é canal desobstruído. Mencionados os fatores positivos, é mister enumeremos, agora, os negativos.

Relacionemos, assim, aqueles que reduzem as possibilidades do seareiro invigilante.

Especifiquemos as qualidades que lhe não permitem dar quanto e como devia.

Ei-las, em síntese:

a) - Mágoas excessivas e paixões;

b) - Alimentos inadequados e alcoólicos;

c) - Desequilíbrio nervoso e inquietude.

Sendo o passista, naturalmente, um medianeiro da Espiritualidade Superior, deve cuidar da sua saúde física e mental.

Alimentação excessiva favorece a vampirização da criatura por entidades infelizes, o mesmo ocorrendo com os alcoólicos em demasia.

O equilíbrio do sistema nervoso e a ausência de paixões obsidentes propiciam um estado receptivo favorável à transmissão do passe.

Não podemos esquecer que o passe é «transfusão de energias psicofísicas.

E o veículo dessa transfusão deve, sem dúvida, ser bem cuidado.

Aconselha Emmanuel que a higiene, a temperança, a medicina preventiva e a disciplina jamais deverão ser esquecidas.

Adverte, ainda, que tudo na vida é afinidade e comunhão sob as leis magnéticas que lhe presidem os fenômenos e

Doentes afinam-se com doentes.

O médium receberá sempre de acordo com as atitudes que adotar perante a vida.>

Naturalmente nenhum de nós, nem passista algum, terá a pretensão de obter, nos serviços a que se consagra, os sublimes resultados alcançados por Jesus, em todos os lances do seu apostolado de luz, e pelos apóstolos em numerosas ocasiões; entretanto, educar-nos mentalmente e curar-nos fisicamente, a fim de melhor podermos servir ao próximo, afiguram-se-nos impositivos a que nos não devemos subtrair.

O médium precisa afeiçoar-se à instrução, ao conhecimento, ao preparo e ê melhoria de si mesmo, a fim de filtrar para a vida e para os homens o que signifique luz e paz.

Não devemos concluir o presente capitulo, dedicado de coração aos passistas do nosso abençoado movimento espiritista, sem que lembremos outros requisitos não menos importantes para os que operam no setor de passes em instituições.

São os seguintes:

a) - Horário

b) - Confiança

c) - Harmonia interior

c) - Respeito.

O problema da pontualidade é fundamental em qualquer atividade humana, mormente se essa atividade se relaciona e se desenvolve em função e na dependência da Esfera Espiritual.

Nem um minuto a mais, nem a menos, para início dos trabalhos.

Recordemos que os supervisores de centros e de grupos mediúnicos não esperam, indefinidamente, que, com a nossa clássica displicência, resolvamos iniciar as tarefas.

Se insistimos na indisciplina, eles passarão adiante à procura de núcleos e companheiros que tenham em melhor apreço a noção de responsabilidade

O passista que não confia no Alto limita, também, a sua capacidade receptiva.

Fecha as portas da <casa mental>, obstando o acesso dos recursos magnéticos.

Secundando a confiança, o fator harmonia interior se apresenta também imprescindível a um excelente processo de filtragem dos fluidos salutares.

E, por fim, o respeito ante a tarefa assistencial que se realiza através do passe.

Respeito ao Pai Celestial, aos instrutores espirituais e àqueles que lhe buscam o concurso.

Pontualidade, confiança, harmonia interior e respeito são, evidentemente, virtudes ou qualidades de que não pode prescindir o médium passista.

Na hora do passe...

Estudemos a questão dos passes:

Podemos dizer que o tratamento mediante passes pode ser feito diretamente, com o enfermo presente aos trabalhos, ou através de irradiações magnéticas, com o enfermo a distância.

No passe direto, depois de orar silenciosamente, o médium é inteiramente envolvido pelos fluidos curadores hauridos no Plano Superior e que se canalizam para o organismo do doente; no passe a distância, que é uma modalidade de irradiação, o médium, sintonizando-se com o necessitado, a distância, para ele canaliza igualmente fluidos salutares e benéficos.

Nas chamadas <sessões de irradiação>, os doentes são beneficiados a distância, não somente em virtude dos fluidos dirigidos conscientemente pelos encarnados, como pelas energias extraídas dos presentes, pelos cooperadores espirituais, e conduzidas ao local onde se encontra o irmão enfermo.

Há criaturas que oferecem extraordinária receptividade aos fluidos magnéticos. São aquelas que possuem fé robusta e sincera, recolhimento e respeito ante o trabalho que, a seu e a favor de outrem, se realiza

Na criatura de fé, no momento em que recebe o passe, a sua mente e o seu coração funcionam à maneira de poderoso Imã, atraindo e aglutinando as forças curativas.

Já com o descrente, o irônico e o duro de coração o fenômeno é naturalmente oposto.

Repele ele os jorros de fluidos que o médium canaliza para o seu organismo.

E' aconselhável, a nosso ver, ore o indivíduo, em silêncio, enquanto recebe o passe, a fim de que a sua organização psicofísicas incorpore e assimile, integral mente, as energias projetadas pelo passista.

Tal atitude criará, indubitavelmente, franca receptividade ante o socorro magnético.

Para mais completa elucidação do assunto, vamos transcrever alguns trechos do capítulo "Serviço de passes", relativos a estas considerações:

<Alinhando apontamentos, começamos a reparar que alguns enfermos não alcançavam a mais leve melhoria

As irradiações magnéticas não lhes penetravam o veículo orgânico.

Registrando o fenômeno, a pergunta de Hilário não se fez esperar:

Porquê?

Falta-lhes o estado de confiança esclareceu o orientador.

Será, então, indispensável a fé para que registrem o socorro de que necessitam?

Ah! sim. Em fotografia precisamos da chapa impressionável para deter a imagem, tanto quanto em eletricidade carecemos do fio sensível para a transmissão da luz. No terreno das vantagens espirituais, é imprescindível que o candidato apresente uma certa tensão favorável>.

E, mais adiante:

"Sem recolhimento e respeito na receptividade, não conseguimos fixar os recursos imponderáveis que funcionam em nosso favor, porque o escárnio e a dureza de coração podem ser comparados a ESPESSAS CAMADAS DE GELO sobre o templo da alma.

Referindo-nos ao passe a distância, comum nas sessões de irradiação, ouçamos novos esclarecimentos:

"E pode, acaso, ser dispensado a distância? Sim, desde que haja sintonia entre aquele que o administra e aquele que o recebe. Nesse caso, diversos companheiros espirituais se ajustam no trabalho do auxílio, favorecendo a realização, e a prece silenciosa será o melhor veículo da força curadora."

Sintetizando os nossos apontamentos, temos, então, dois tipos de passes:

a) Passes diretos (enfermo presente);

b) Passes a distância (enfermo ausente).

E no tocante à receptividade ou refratariedade das pessoas, no momento do passe, temos:

a) Fé, mais recolhimento, mais respeito, somam RECEPTIVIDADE;

b) Ironia, mais descrença, mais dureza de coração, somam REATARIEDADE.