PROTESTANTISMO - IGREJAS PROTESTANTES

No século 16, um padre alemão chamado Martinho Lutero iniciou um movimento de reforma religiosa que culminaria num cisma, ou seja, numa divisão no seio da Igreja Católica. Foi assim que surgiram outras igrejas, igualmente cristãs, mas não ligadas ao Papado.

Lutero e os outros reformistas desejavam que a Igreja Cristã voltasse ao que eles chamavam de "pureza primitiva". Tais idéias foram detalhadas em 95 teses, elaboradas por Lutero, porém resultantes de uma série de discussões que envolveu boa parte do clero alemão. Entre outras propostas, sugeria-se a supressão das indulgências - que consistiam na remissão das penas referentes a um pecado, a partir de certos atos de devoção e piedade e até mesmo da compra do perdão por meio das autoridades eclesiásticas. A mediação da Igreja e dos Santos também deixaria de existir, prevalecendo então a ligação direta entre Deus e a humanidade. É por isso que, nas igrejas protestantes, não vemos imagens de santos e nem temos o culto à Virgem Maria, mãe de Jesus.

Originalmente, Lutero e seus pares não pretendiam provocar um cisma na Igreja, mas apenas rediscutir algumas diretrizes e efetuar mudanças. Porém, em 1530, Lutero foi excomungado pelo Papa. Essa medida alterou radicalmente os rumos da fé cristã na Europa e no mundo.

O primeiro país a aderir ao luteranismo foi a Alemanha, berço de Lutero. Depois, a Reforma irradiou-se pela Europa. Em 1537, a Dinamarca, a Suécia, a Noruega e a Islândia já tinham aderido aos princípios luteranos. Na Suíça, foi um ex-padre, Huldreich Zwingli, quem difundiu o protestantismo e, na França, o propagador foi João Calvino (1509-1564). A Reforma Protestante também triunfou na Escócia e nos Países Baixos.

Igrejas Protestantes

O Calvinismo

A corrente protestante iniciada na França por João Calvino apóia-se em três pilares principais: a supremacia da palavra de Deus, exposta na Bíblia; a exaltação da fé; e a predestinação.

A predestinação ensina que Deus escolhe previamente aqueles que serão "salvos" - ou seja, os "eleitos". A busca da realização material (no setor profissional e nas finanças, por exemplo) também é valorizada por essa doutrina, que enaltece a importância do trabalho do homem, no sentido de "aperfeiçoar" a criação divina. Além disso, a prosperidade material pode ser entendida como um sinal de salvação, isto é, de predestinação positiva. Nesse ponto, o calvinismo apresentou uma abordagem muito mais confortável para a burguesia que florescia na Europa daquele período, em contraposição à idéia da pobreza como sinônimo de virtude, defendida por algumas correntes do catolicismo.

Hoje, o protestantismo ocorre em várias partes do mundo, sob diferentes formas de apresentação. Temos os cultos sóbrios e bem-comportados, como o Luterano, o Batista e o Presbiteriano, e também os rituais exuberantes e extáticos das mais recentes igrejas pentecostais.

Conheça algumas especificações sobre diferentes doutrinas cristãs não-católicas. Ressaltamos que não enumeramos aqui todas as igrejas cristãs protestantes, mas somente algumas delas.

Culto Batista

A proclamação do Evangelho é a essência da fé batista. Nas celebrações religiosas, os cânticos de louvor a Deus se alternam com as orações e leituras bíblicas. Os membros da igreja são incentivados a convidar outras pessoas a participarem das celebrações. Os fiéis também têm o dever de contribuir com o dízimo, de orar diariamente e de participar de algum trabalho dentro da Igreja.

Mensalmente, os batistas participam da "Santa Ceia", compartilhando pão e suco de uva (que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo). O Batismo é feito por submersão, ou seja, o fiel mergulha de corpo inteiro nas águas, diferentemente do uso católico.

Culto Luterano

Os luteranos defendem a idéia de que todas as igrejas que pregam o Evangelho são dignas e devem ser reconhecidas pelos demais cristãos. Isso os torna mais abertos e progressistas do que os adeptos de algumas outras denominações protestantes.

Em essência, o luteranismo ensina que a Igreja é uma espécie de "materialização" do próprio Cristo. Em suas celebrações, costuma-se proceder à leitura bíblica, às orações (de agradecimento, louvor e súplica), à meditação e à entoação de salmos e hinos.

Culto Metodista

A exemplo de outras correntes protestantes, a Igreja Metodista tem no culto dominical sua mais importante cerimônia periódica. Mas, no decorrer da semana, os fiéis costumam participar de outros encontros, formando grupos de oração, de estudos bíblicos, de trocas de informações e testemunhos etc. Eventualmente, são realizadas as chamadas "Festas de Amor", ou "Ágapes", em que os irmãos se reúnem para compartilhar o pão e a água e para discorrer sobre suas experiências na vida cristã.

A doutrina metodista estimula principalmente a prática devocional cotidiana, da qual fazem parte a meditação, a oração no lar, a leitura diária das Escrituras Sagradas e os cultos domésticos.

O principal ensinamento metodista é o de que Deus mostra os nossos pecados e nos perdoa, na proporção do nosso arrependimento. Em resposta, Ele espera receber a nossa gratidão, o nosso amor, a nossa obediência e, acima de tudo, a nossa fé.

Culto Presbiteriano

Para os presbiterianos, nada acontece sem a Vontade de Deus. Assim, é Ele quem busca aqueles que vão servi-Lo e lhes concede a oportunidade do arrependimento, do perdão e da redenção. Em Jesus Cristo, Deus expressa seu amor infinito pelos homens; o objetivo de todo fiel deve ser igualar-se a Jesus, para alcançar a plena comunhão com o Criador.

Além de participar dos cultos dominicais, dos estudos bíblicos e de outras reuniões semanais, o fiel é exortado a praticar outras atividades cristãs cotidianas: ele deve orar, ler a Bíblia e manter-se continuamente em sintonia com Deus.

As festividades presbiterianas mais importantes são: o Advento (em que é relembrada a vinda de Jesus, com ênfase no seu próximo retorno); o Natal; a Epifania (comemoração da manifestação de Cristo a todos os povos); a Quaresma, que culmina na Páscoa (em que são relembradas a paixão, a morte e a ressurreição de Cristo); a Ascensão (celebração da elevação física de Jesus ao Reino de Deus); e o Pentecostes (que é a manifestação do Espírito Santo de Deus entre os homens).

As ofertas doadas pelos fiéis no decorrer dos cultos, bem como a entrega do dízimo, simbolizam a alegria da comunidade com as benesses concedidas pelo Criador.

As festividades presbiterianas mais importantes são: o Advento (em que é relembrada a vinda de Jesus, com ênfase no seu próximo retorno); o Natal; a Epifania (comemoração da manifestação de Cristo a todos os povos); a Quaresma, que culmina na Páscoa (em que são relembradas a paixão, a morte e a ressurreição de Cristo); a Ascensão (celebração da elevação física de Jesus ao Reino de Deus); e o Pentecostes (que é a manifestação do Espírito Santo de Deus entre os homens).

As ofertas doadas pelos fiéis no decorrer dos cultos, bem como a entrega do dízimo, simbolizam a alegria da comunidade com as benesses concedidas pelo Criador.

Culto Pentecostal

A aproximação entre Deus e o fiel é o pilar sobre o qual se apóiam os cultos pentecostais de um modo geral. Aliás, cabe ressaltar que esse ramo do protestantismo é o que mais cresce nos dias de hoje, não somente no Brasil, mas também em outros países.

A exaltação, a fé proclamada em altos brados e a crença no Batismo pelo Espírito Santo (Pentecostes) são as características principais das cerimônias realizadas por essas igrejas. O roteiro seguido no decorrer dos cultos é praticamente o mesmo adotado nas igrejas batistas, com a diferença de que as orações e os hinos são entoados com um entusiasmo e um fervor ainda maiores. Além disso, boa parte do culto é dedicada aos "testemunhos", em que os fiéis sobem ao púlpito para falar de alguma graça alcançada ou para dar um exemplo da manifestação de Deus em suas vidas.

O Batismo pelo Espírito Santo é identificado quando algum fiel se põe a falar em "línguas estranhas", o que normalmente ocorre durante as orações. Os rituais de exorcismo costumam ser mais freqüentes nestas do que em outras igrejas cristãs, e deles participam todos os fiéis, orando em uníssono, sob a liderança do oficiante do culto.

Os membros da Igreja participam da vida comunitária de muitas formas: pregando o Evangelho (todo fiel tem o dever de tentar ganhar novas almas para Jesus), participando de atividades internas (no coral, nos estudos bíblicos, nos grupos de jovens, na escola dominical etc.) e contribuindo com o dízimo.

Fonte: www.casadobruxo.com.br

PROTESTANTISMO

A Igreja católica foi a religião oficial no Brasil entre 1500 e 1889, quando a República a separou do Estado. Esta garantia de exclusividade provocou uma certa acomodação na Igreja, pois todos eram católicos.

A Inquisição garantia a homogeneidade católica da nação. A falta de melhor trabalho de evangelização, de catequese... transformou o catolicismo mais numa herança cultural, sociológica, do que numa convicção de vida. A situação mudou, no século 19, por dois motivos:

· primeiro: na esfera política, os liberais achavam que o protestantismo era a religião da democracia e do progresso;

· segundo: as grandes imigrações alemãs e os comerciantes ingleses, que colocaram o catolicismo face a face com um interlocutor diferente: o protestante.

CALVINISTAS

1555: Villegaignon, calvinista francês, conquistou a baía da Guanabara e realizou o primeiro culto calvinista no Brasil. Entusiasmado, Calvino enviou para o Brasil o pastor Jean de Lery, que realizou cultos e atos religiosos calvinistas durante os cinco anos de ocupação francesa.

1630: Os holandeses conquistam Pernambuco, dominando, por 24 anos, 14 capitanias no nordeste brasileiro. Eram calvinistas e, com a chegada de Maurício de Nassau, implantam a estrutura religiosa calvinista. Até 1654 foram organizadas 24 igrejas e congregações. Foram relativamente tolerantes com os católicos e acabaram também por adotar a escravatura. A experiência terminou com a derrota holandesa.

PROTESTANTES e IMIGRAÇÃO ALEMÃ

Em 1824, teve início a imigração alemã e, com ela, chegou ao Brasil a Igreja Evangélica de Confissão Luterana. A missão alemã procurou logo enviar pastores para seu atendimento e, ao mesmo tempo, fundar escolas onde pudessem cultivar a língua alemã e o aprendizado da Sagrada Escritura.

A Igreja luterana se considerava uma Igreja étnica, isto é, voltada apenas para os imigrantes e seus descendentes. Sua expansão, até hoje, se identifica com a presença do imigrante de origem alemã.

Como o catolicismo era a única religião permitida no Brasil, aos evangélicos era permitida a construção de lugares de culto, mas sem sinais exteriores, isto é, sem torres nem sinos.

O único matrimônio reconhecido era o católico. Deste modo, os filhos permaneciam ilegítimos e os casais amasiados. Só com o Decreto 1144, de 1863, concedeu-se aos ministros evangélicos o direito de celebrar o matrimônio com efeitos legais.

O mérito da Igreja luterana, sobretudo no atendimento aos imigrantes, foi grande. Seus pastores foram conselheiros, juízes, professores, médicos. Ao redor da igreja e da casa do pastor, a comunidade encontrava rumo para sua vida.

A SEDUÇÃO PROTESTANTE

Depois da Independência (1822), os políticos liberais, fascinados pelos Estados Unidos, achavam que o progresso viria só com o protestantismo. Mas, percebendo a vantagem de controlar a Igreja Católica, preferiram o caminho da reforma do catolicismo por dentro.

O projeto tornou-se claro com a lei de 1855 que fechou todos os noviciados e proibiu às Ordens religiosas de receberem novos vocacionados até uma nova lei que nunca saiu, causando o esvaziamento dos conventos e mosteiros.

Quando foi proclamada a República, em 1889, não chegavam a 10 velhinhos os membros da Ordem franciscana.

O mesmo Estado que fazia questão de ser oficialmente católico, empenhava-se em privar a Igreja de seus quadros. Isso revela uma face permanente das elites brasileiras, de ontem e de hoje: o desprezo pelo povo, por seus costumes e fé.

METODISTAS e PRESBITERIANOS

Em 1835 chegou ao Brasil o jovem pastor F. Pitts, enviado pela Conferência Geral da Igreja Metodista Episcopal dos EUA. Iniciou assim a propaganda explícita do protestantismo no Brasil. Destacou-se, entre outros, o pastor Daniel Kidder que, preocupado com o alcoolismo reinante, promoveu a fundação de Sociedades de Temperança.

Um dos projetos dos metodistas era a propagação da Bíblia. Isso recebeu inclusive a colaboração de sacerdotes.

A missão protestante teve continuidade em 1859, com a chegada de pastores da Igreja Presbiteriana. Dentre eles, cita-se A. Simonton e A. Blackford. Grande colaborador foi o ex-padre paulista José Manuel da Conceição, primeiro pastor presbiteriano brasileiro. Conceição retornou às paróquias onde tinha trabalhado, nelas instalando comunidades evangélicas.

A ação protestante dirigiu-se sobretudo aos imigrantes evangélicos e aos trabalhadores da indústria e dos cafezais. Foi para eles que, a partir de 1920, entraram a Assembléia de Deus e a Congregação Cristã, das quais praticamente derivam todos os pentecostalismos, especialmente a "Brasil para Cristo" e a "Igreja do Evangelho Quadrangular".

Embora desprezados, tanto pelo catolicismo como pelo protestantismo histórico, seu estilo popular conquistou as massas marginalizadas e migratórias do Brasil.

Os evangélicos, num primeiro momento, achavam que não deveriam vir para a América Latina, pois, de certo modo, era cristã pelo catolicismo. Mas chegaram à conclusão de que o catolicismo, com suas devoções e imagens, era pagão. Explica-se assim seu esforço em "cristianizar" o continente católico.

O FERVOR PENTECOSTAL

Se no século 19 e início do 20, o protestantismo foi identificado com progresso, democracia, cultura, liberdade..., na segunda metade do século 20 percebeu-se um enfraquecimento dos evangélicos, devido também à difusão do pentecostalismo, vindo dos Estados Unidos, cujos adeptos cultivam uma viva experiência do Espírito Santo.

O sentimento religioso daí advindo, a paz adquirida, os rígidos princípios morais que prega..., lembram, a muitos pobres e migrantes das periferias, a antiga vida rural. A cidade é grande e as pessoas se confundem, se perdem... Nesse contexto, as igrejas pentecostais - os crentes - obtêm muitos resultados.

Sua estrutura simples, a facilidade de ser pastor, o espírito familiar, a expansão dos sentimentos..., tornam a vida mais leve, pois "Jesus me salvou". Possuem uma linguagem e estrutura muito cativantes para as periferias e favelas, onde sua pregação moralizante consegue diminuir a violência. Impressionante é como de uma igreja sai outra, como se criam novas denominações.

O USO POLÍTICO da FÉ

A partir de 1969, o governo americano de Richard Nixon, preocupado com o trabalho de transformação social da Igreja católica, viu no catolicismo uma ameaça ao capitalismo liberal, e procurou, com apoio de recursos e pessoas, difundir um pentecostalismo que se contentasse mais com a salvação da alma e deixasse o resto ao encargo do governo.

O regime militar brasileiro (1964-1984) restringiu a entrada de missionários católicos estrangeiros e facilitou a de pastores evangélicos americanos. Deste modo, as Comunidades Eclesiais de Base das periferias e dos interiores pobres se defrontaram com um concorrente que oferecia uma salvação mais rápida e superior: o pastor crente.

O mesmo desafio encontram as Igrejas protestantes históricas (luterana, presbiteriana...), pois há uma preferência pelas igrejas que oferecem conforto espiritual e humano e possuem um mínimo de organização: basta a Bíblia ou alguns textos dela. Mas, muitos crentes, motivados pelo vizinho militante e católico, também estão se empenhando nos movimentos populares.

No dia da posse do governador do Rio, Anthony Garotinho, presbiteriano, não houve uma Missa solene com o Cardeal, mas um animado culto evangélico na praça. Há pouco tempo ninguém imaginaria isso no Brasil católico.

A RELIGIOSIDADE da PROSPERIDADE, da TERAPIA e do BEM-ESTAR

No final do século 20, o Brasil assistiu à formação de denominações religiosas cristãs cujo centro de pregação é o sucesso e o bem-estar: "Crê em Deus e teus problemas serão resolvidos".

Numa sociedade em desagregação, pobre, marginalizada..., este tipo de anúncio cria muito impacto e esperança. De um lado, todo o mal assume a forma do demônio e, de outro, a fé assume a forma de vitória material: "Se você crê e paga seu dízimo, Deus tem obrigação de atendê-lo".

É a negação do núcleo central do cristianismo, onde tudo é graça, também a cruz. A Igreja Universal do Reino de Deus, um verdadeiro império financeiro, é o exemplo mais conhecido dessa pregação.

Para atrair a juventude e as classes urbanas, surgiu, em São Paulo, a Igreja Evangélica Apostólica Renascer em Cristo, caracterizada pelo uso de ritmos musicais modernos e do gospel norte-americano.

Há denominações religiosas que surgem com a finalidade da cura física, social ou psicológica, correndo o risco de achar que a religião traz a superação do mundo injusto que provoca esses males.

A tradição evangélica não está nas igrejas do conformismo e nem do sucesso, mas no esforço sincero de seguir o Evangelho de Jesus, o Salvador enviado por Deus. Isso favorece o processo ecumênico.

Fonte: www.pime.org.br