Pentecostalismo no Brasil

No Brasil o Pentecostalismo chegou em 1910-1911 com a vinda de missionários originários da América do Norte: Louis Francescon, que dedicou seu trabalho entre as colônias italianas no Sul e Sudeste do Brasil, originando a Congregação Cristã no Brasil; Daniel Berg e Gunnar Vingren inciaram suas missões na Amazônia e Nordeste, consequentemente nascendo as Assembléias de Deus.

O movimento pentecostal pode ser dividido em três ondas. A primeira, chamada pentecostalismo clássico, abrange o período de 1910 a 1950 e vai de sua implantação no país, com a fundação da Congregação Cristã no Brasil e da Assembléia de Deus, até sua difusão pelo território nacional. Desde o início, ambas as igrejas caracterizam-se pelo anticatolicismo, pela ênfase na crença no Espírito Santo, por um sectarismo radical e por um ascetismo que rejeita os valores do mundo e defende a plenitude da vida moral.

A segunda onda começa a surgir na década de 1950, quando chegam a São Paulo dois missionários norte-americanos da International Church of The Foursquare Gospel. Na capital paulista, eles criam a Cruzada Nacional de Evangelização e, centrados na cura divina, iniciam a evangelização das massas, principalmente pelo rádio, contribuindo bastante para a expansão do pentecostalismo no Brasil. Em seguida, fundam a Igreja do Evangelho Quadrangular. No seu rastro, surgem O Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é Amor, Casa da Bênção, Igreja Unida e diversas outras menores.

A terceira onda, a neopentecostal, tem início na segunda metade dos anos 70. Fundadas por brasileiros, a Igreja Universal do Reino de Deus (Rio de Janeiro, 1977), a Igreja Universal do Reino de Deus (Rio de Janeiro, 1980), a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra (Brasília, 1992) e a Renascer em Cristo (São Paulo, 1986) estão entre as principais. Utilizam intensamente a mídia eletrônica e aplicam técnicas de administração empresarial, com uso de marketing, planejamento estatístico, análise de resultados, etc. Algumas delas pregam a Teologia da Prosperidade, pela qual o cristão está destinado à prosperidade terrena, e rejeitam os tradicionais usos e costumes pentecostais. O neopentecostalismo constitui a vertente pentecostal mais influente e a que mais cresce. Também são mais liberais em questões de costumes.

Paralelamente ao Pentecostalismo, várias denominações protestantes tradicionais experimentaram movimentos internos, com manifestações pentecostais, assim foram denominados "Renovados", como a Igreja Presbiteriana Renovada, Convenção Batista Nacional, Igreja do Avivamento Bíblico e Igreja Cristã Maranata.

A doutrina de renovação do Pentecostalismo passou até mesmo as fronteiras do Protestantismo, surgindo movimentos de renovação pentecostal Católica Romana e Ortodoxa Oriental, como a Renovação Carismática Católica.

Fonte: pt.wikipedia.org

PENTECOSTALISMO

O pentecostalismo é o movimento que mais influencia, hoje, as manifestações de religiosidade em muitas partes do mundo.

O movimento surgiu praticamente dentro da Igreja metodista, cujo fundador é Jonh Wesley.

Partindo da constatação de que os metodistas estavam se afastando dos ensinamentos de seu fundador, iniciou, no século XIX, o movimento chamado “Holiness” (santidade), que visava reavivar a fé de seus membros. Ensinava que, para a salvação, era necessária a conversão e, em seguida, uma nova e mais profunda experiência religiosa: o “batismo no Espírito Santo”.

O pastor Charles Pharam, nos Estados Unidos, foi quem mais aceitou as idéias do Holiness, e as ensinou na escola de estudos bíblicos em Topeka, Kansas. Os alunos, que concordavam com essas idéias, acreditavam ter recebido o Espírito Santo e sentiam-se guiados em suas vidas pelo mesmo Espírito.

Segundo uma interpretação ao pé da letra de alguns trechos dos Atos dos Apóstolos (2, 1-12; 10, 44-48; 19,17), eles acreditavam que o sinal característico por ter recebido o Espírito Santo era o dom das línguas e, posteriormente, o dom da cura das doenças.

Surgiram assim comunidades de pessoas que aspiravam a esses dons do Espírito e que, sem pretender fundar uma nova denominação religiosa, desejavam levar um pouco de renovação às comunidades metodistas e protestantes em geral.

No início, sua vida não foi fácil. Seu entusiasmo exagerado levantou suspeitas entre as comunidades batistas e metodistas, que acabaram se afastando do movimento. Sentindo-se rejeitadas pelas denominações tradicionais, as novas comunidades acabaram formando um movimento próprio, passando a serem chamadas “pentecostais” pelo fato do ponto central do movimento ser o batismo no Espírito, recebido como num segundo Pentecostes.

Fundamentalmente, vemos nesse movimento, além do entusiasmo e da exaltação, o mesmo anseio que está na origem do protestantismo nos Estados Unidos: o desejo de liberdade, de não depender de uma Igreja institucionalizada, de formar comunidades mais livres, justamente o que fizeram os que, em 1620, fugiram da Inglaterra no navio “Mayflower”, pois se sentiam sufocados pela Igreja do Estado, a anglicana.

A breve história do movimento, que ainda não completou um século de vida, mostra que nenhuma denominação protestante está sujeita a divisões e subdivisões como os pentecostais.

Assembléia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, Igreja do Evangelho Quadrangular, Deus é Amor, Igreja Universal do Reino de Deus, todas muito conhecidas no Brasil, são algumas das muitas denominações que surgiram tendo como base os princípios do pentecostalismo.

Alguns aspectos, apesar dessa divisão, caracterizam o movimento pentecostal e estão presentes em muitas denominações que vieram em seguida:

• a importância dada à revelação direta do Espírito Santo, que consistiria em graças concedidas às pessoas para entenderem as verdades e os mistérios da fé contidos nas Escrituras;

• a prática de batizar somente adultos;

• a crença numa iminente segunda vinda de Cristo;

• um rigor moral que proíbe o que pode parecer fútil e mundano, como beber, fumar, dançar, assistir à televisão e, sobretudo para as mulheres, a frivolidade no vestir, no corte dos cabelos, o uso de calças compridas, etc;

• grande facilidade em interpretar como avisos ou revelações divinas certos acontecimentos da vida;

• visão das doenças como punições divinas pelo pecado. Não que Deus envie diretamente a doença, mas permite que o diabo a cause como castigo para o crente;

• a busca da cura da doença especialmente pela oração, a ponto de evitarem de ir ao médico ou de tomar remédios;

• a freqüente presença de Satanás e, como cura, a prática do exorcismo.

Estatísticas recentes dizem que 70% dos protestantes do Brasil pertencem a denominações ligadas ao pentecostalismo e o número de seus adeptos continua crescendo.

Calcula-se que os membros de todas as denominações pentecostais do mundo chegam a 250 milhões, com maior incidência no Terceiro Mundo.

As explicações desse extraordinário crescimento são complexas. Elas podem ser:

De ordem sociológica

Vivemos numa época de transição, de uma sociedade agrária, tradicional e autoritária, para uma sociedade urbana e, portanto, industrial, moderna e democrática. Para alguns autores, a adesão a uma comunidade pentecostal representaria a recusa dessa urbanização forçada por parte de pessoas que acabam de deixar o campo e se sentem confusas. Elas optariam assim pela segurança que uma religião autoritária, como são as pentecostais em geral, lhes garante.

Um gesto, portanto, de afirmação pessoal, uma escolha democrática contra um sistema tradicional imposto, rígido, como era o estilo de vida da cultura camponesa. Os dois motivos, que tentam explicar uma mesma situação, parecem contraditórios. Talvez o primeiro sirva para explicar a adesão ao pentecostalismo de algumas pessoas, o segundo, de outras.

De ordem psicológica

Sempre tendo como pano de fundo a urbanização e a vida nas grandes metrópoles que massificam e despersonalizam, essas novas religiões oferecem a possibilidade de viver em comunidades menores, onde as pessoas se conhecem, onde é claro o papel de cada um e onde o senso de pertença a um grupo é muito forte, o que significa proteção contra o isolamento e as ameaças da grande cidade.

Toda pessoa humana precisa de uma comunidade que a escute, lhe dê calor humano e ofereça sustento, especialmente nos momentos de crise.

De ordem pastoral

As religiões pentecostais valorizam a dimensão religiosa da cultura popular, a sede de Deus que o povo tem. As práticas religiosas do pentecostalismo estão muito enraizadas na cultura popular e em sua maneira de expressar-se religiosamente. Usando uma linguagem popular, verbal como não-verbal, oferecem a todos a possibilidade de realizar uma experiência de Deus particularmente profunda, onde todos podem sentir-se sujeitos e não simples espectadores.

A Igreja católica não teria respondido a essa sede de Deus de muitos de seus membros. Isso por muitos motivos: pela escassez de clero e de agentes de pastoral suficientemente preparados, pela falta de um sentido comunitário na estrutura paroquial, pela frieza e pelo formalismo que se nota freqüentemente na liturgia, pelo pouco ardor missionário de seus membros, por uma formação bíblico-catequética, geralmente superficial, de muitos fiéis, por uma catequese muitas vezes teórica e desatenta à vida de todos os dias.

O fenômeno é complexo e vários são os fatores que podem explicá-lo. Possivelmente, nenhuma das causas acima expostas, isoladamente, consiga explicá-lo de forma suficiente. Ao mesmo tempo, talvez nenhuma dessas mesmas causas seja totalmente alheia ao mesmo fenômeno.

Poderíamos, portanto, dizer que, em proporção diferente e conforme os lugares, todas essas causas juntas oferecem a explicação mais completa sobre o fenômeno do vertiginoso crescimento das seitas pentecostais.

Fonte: www.pime.org.br