A
epilepsia, conhecida da mais remota antiguidade, pelo transe de que se
reveste, foi interpretada pelos gregos como doença sagrada. Em Roma, a
crise epiléptica era considerada uma resposta colérica dos deuses; quando
se dava durante um comício, este era logo suspenso - daí a denominação
de "mal comicial". O termo epilepsia foi criado por Avicena, médico
árabe no século X, significando: acometer de surpresa. Somente
no nosso século a ciência conseguiu melhor compreender a doença epiléptica,
com o auxílio da eletroencefalografia, embora ainda estejamos bem longe de
um entendimento detalhado de seu mecanismo. O EEG pode trazer dados
informativos, mas não traduz pelo traçado das diversas ondas cerebrais as
verdades que gostaríamos de saber.
Na
epilepsia, muitas vezes, já existem lesões das células nervosas, lesões
anatômicas e funcionais, enquanto que na histeria o distúrbio é psicológico,
por excelência, sem lesão anatômica.
As
variedades clínicas da epilepsia, atualmente, constituem um avantajado
tratado de observações e classificações. Poderíamos simplificar as
informações, a fim de termos uma idéia de como o processo se manifesta
dentro daquilo que foi denominado pequeno mal, grande mal e crises
centro-encefálicas:
b) Crises
generalizadas, são as crises representadas pelas convulsões nas suas
variedades tônica e clônica. Existem neste grupo formas não convulsivas,
onde apenas a consciência está comprometida e sendo marcantes os diversos
estados de ausência.
c)
Anotem-se ainda as crises unilaterais, onde somente um lado do corpo será
comprometido, e as crises erráticas, pelas mudanças de sintomas a ponto de
não podermos situar a classe a que pertencem.
Existem
muitas outras classificações, plenas de complexidades, que aqui não cabem
referidas, mas que estão a demonstrar a variedade sintomática de tal
processo.
O epiléptico pode apresentar-se como um indivíduo psicologicamente pegajoso, egocêntrico, explosivo e até mesmo com tendência religiosa doentia. As modificações de caráter é ponto ainda de grandes discussões. Não se sabe se o caráter advém da instalação do processo epiléptico ou se a epilepsia já é conseqüência da deformação do caráter. Tem-se observado que, antes mesmo da instalação epiléptica, o caráter já entrou em modificação, ou pelo menos contribuiu na exaltação da mesma. Assim, o componente constitucional, aquele que vem como indivíduo desde o nascimento, já carrega a distonia; isto é, o individuo ao reencarnar traz as raízes doentias no próprio Espírito que as transfere para a tela consciente ou zona física durante a morfogênese.
Pela
descaracterização da personalidade há, quase sempre, lentidão nos
processos emotivos e mentais. O pensar é estacionário, evasivo e difícil;
não há flexões de pensamento. O pensamento como que fica num determinado
ângulo, onde o indivíduo se fixa numa verdadeira posição de viscosidade,
não conseguindo desprender-se. Isso faz
com que os interesses sejam absolutamente limitados, caminhando o paciente
para uma posição egocentrista, sem condições de mudanças, tornando-se
um limitado e rígido conservador; nesta posição, pode apresentar-se com
exageradas mesuras e obséquios, tentando minimizar seus impulsos; porém,
pela insistência sem limites, tornam-se inconvenientes.
As
explosões de temperamento são uma
tônica constante. As vezes entram em processo depressivo, cultivando a
melancolia como forma continuadora das explosões. Por terem quase sempre
complexão atlética, no acesso de explosões podem tornar-se perigosos.