2° Capítulo
Lembranças de América Paoliello Marques

Todas as criaturas sobre a Terra são passíveis de sofrimento, visto que todas impingiram sofrimento ao próximo.

O que as diferencia umas das outras é o tempo que já despertaram suas consciências para a Luz e o que fizeram em favor do próximo e de si mesmos desfazendo em seu íntimo os sentimentos do atraso: ódio, ressentimentos, mágoa, desejo de vingança.

A dor provocada pelos acontecimentos de “final de tempos” alcançarão igualmente joio e trigo, mas o destino final de cada um será determinado pelo que haja renunciado de si mesmo em favor do próximo e se cota de amor que lhe vibra na alma é maior que o orgulho e a rebeldia.

Renovai vosso íntimo e trabalhai na Seara do Cristo, pois o Apocalipse se apresenta para vós.

André Luiz
GESJ - 22/08/2008

01. Mensagens do Grande Coração

Minha amizade com América surgiu após ter lido seu magnífico livro, “Mensagens do Grande Coração”, adquirido na Livraria Freitas Bastos, RJ, em 1969. Obra portadora de lindas mensagens esclarecedoras que ampliam e enriquecem os conhecimentos espirituais, daqueles que buscam, sinceramente, os ensinamentos divinos.

Entusiasmada com o conteúdo do livro, escrevi para ela e obtive resposta. Assim, iniciou-se, ou melhor, deu-se o reencontro de uma “velha amizade”, como constatarão no decorrer desta história.

Dentre as várias cartas-respostas que possuo, passarei na íntegra uma, recebida em 1973, na qual soube que ela havia colocado meu nome na pauta de consultas de reunião mediúnica, sem que eu tivesse solicitado, a fim de que nosso Mentor Ramatis indicasse, especificamente, o tipo de trabalho a ser desenvolvido pelo GESJ (Grupo Espírita Servos de Jesus).

Na época o Grupo tinha três anos de existência e era carente de tudo, inclusive de médium. Em todo esse contexto de pobreza, sobrava alguma coisa: amor à Doutrina e ao trabalho, muita garra e determinação de minha parte.

Vibrei, alegre e intensamente, ao chegar no fim da leitura da carta. Foi emoção demais para mim, espírito tão carente, naqueles tempos.

Peço particularmente aos irmãos ramatisianos que leiam, e tirem suas conclusões. Para mim foi um impulso tão grande que dura até hoje. Obrigada, querida irmã, por sua generosidade.

02. Mestre Ramatis atende à solicitação de América

Margarida Carpes

Devemos a esta irmã uma palavra de estímulo, já longamente devida. Nossa irmã Margarida é uma flor que precisa ser regada porque, longamente, o sol vem ressecando a terra em torno de sua haste e contenta-se, dia-a-dia, com o orvalho que cai, quando aproveitamos para orvalhar seu espírito com o refrigério da assistência, e do amor, que nos tem solicitado. Em suas horas de sono, nós a recolhemos e fazemos com que seu espírito se banhe no bálsamo que a Espiritualidade pode dar, aos que nela confiam, e acreditam. Que não se sinta só, desamparada, que por não possuir mediunidade, não está afastada de nossa influência espiritual; ao contrário, aproveitamos para, sem que perceba, indicar-lhe os rumos necessários à sua evolução espiritual. Que essa amiga possa sentir que, não está no fenômeno mediúnico a capacidade de sintonizarse conosco, mas naquele anseio de paz às forças do amor que não resistem a esse apelo, e desejam manifestar-se avidamente através dos espíritos que amam, e servem ao Senhor com fidelidade e dedicação.

Desejamos verter, nestas palavras, todo o amor acumulado que suas preces e apelos provocam em nosso espírito. Reafirmamos, através desta mensagem, que a cúpula vibratória do plano espiritual da Colônia do Grande Coração, encontra-se voltada em irradiações diretas sobre seu espírito. Que se harmonize, gradativamente, com os objetivos da obra que desenvolvemos na terra brasileira; que se harmonize com os irmãos com os quais pode ter contato, mas, antes de tudo, vigie e controle a obra que o Senhor lhe entregou.

Não desejamos, diga-se de passagem, que nossa irmã se julgue incapaz de prosseguir em sua tarefa, sem se apoiar em alguém, porque nós costumamos, desde épocas remotas influir, sobre os que amamos, no sentido de crerem em si, e recomendamos a nossa irmã, amiga e discípula, que medite sobre a pequenina frase que está sobre a página do Eco (“Venho concitar-vos a que vos arvoreis patronos de vosso próprio progresso espiritual. Se em vós não credes, quem o fará por vós? - Ramatis), e que lá foi colocada como um programa, não só para este grupo mas, para todos que amam ao Senhor, dentro da mesma tônica vibratória em que nos colocamos há séculos. Esse é um programa de trabalho que é como uma estrada reta, que conduz ao Senhor. E quanto ao mais que a Margarida, no momento em que ler nossa mensagem, possa sentir-se como a flor que, ao nascer ou ao pôrdo-sol, abre-se para a beleza do Universo e sente, simultaneamente, que o jardineiro se aproxima com o jato refrescante de água que banha as flores, e que pode banhar-se em toda pureza das vibrações do amor infinito, que vem de todas as partes de Universo. Que nossa Margarida retempere-se, reajuste, e continue a crescer em direção ao sol da vida espiritual. Nenhuma recomendação especial lhe fazemos, através deste médium, porque desejamos desenvolver nela uma confiança através dos canais da intuição. Que se ligue a nós, em suas horas de sono, e despertará com a certeza dos caminhos por onde deverá seguir, para encontrar o Senhor.

Ramatis

Margarida,

Enquanto Ramatis dizia estas últimas palavras, lançava uma imagem que foi vista por todos no grupo: uma margarida (flor) que, ao ser banhada pela água pura, voltava-se para o sol e crescia a ponto de transformar-se num girassol. Com esta imagem, desejou fixar a mensagem de que você pode, pelo esforço sincero, tornar-se capaz de captar fielmente a inspiração do Plano Espiritual, pois eles só esperam de nós esta atitude.

Desculpe a demora desta orientação, porém o trabalho é muito, e só Deus sabe como damos conta!

Espero que seja sempre mais confiante, pois só o amor é a bússola. O resto, Deus dá e provê, sem delongas.

Passaremos, agora, a publicar apostilas com os temas das palestras que realizamos mensalmente, além dos “slides” e gravações.

Desse modo, desejamos facilitar os estudos dos grupos fora do Rio; embora, sempre que possível, continuemos a viajar, para termos contato direto com os irmãos distantes. Todo esse material, pode ser enviado por correio a pedido. São 28 palestras, que formam um curso dos assuntos fundamentais recebidos de nossos Guias Espirituais, e muito úteis, principalmente, para os grupos que vibram na tônica do universalismo cristão.

Espero vê-la breve no Rio.

Abraços da irmã e amiga,

América

Nota: Reli todas as cartinhas e cartões e, de alguns, resolvi destacar alguns parágrafos. Constam da correspondência de 1972 a 1991. A partir daí, seu estado de saúde não lhe permitiu mais o prazer da troca de notícias.

Querida e doce irmã, um beijo saudoso em seu coraçãozinho generoso.

Margarida

03. Resposta à minha carta

Margarida, minha irmã.

Retribuo sua saudação, tão simpática, em nome de Jesus.

É grande minha alegria quando posso sentir mais uma irmã, em nossa faixa vibratória. Estou escrevendo depois de meia-noite, para não deixar ainda mais atrasada minha resposta.

Desejo que os elos, tão bem identificados por Hercílio Maes, se estreitem entre nós, na Terra. Nosso trabalho funciona, também, numa salinha alugada, em local não muito propício, mas com tudo que podemos fazer de melhor. Quando há amor, os ruídos das vibrações externas são atenuados.

Logo que seja possível, realizaremos orientação para você em nosso trabalho de consultas (a consulta foi feita e atendida).

De acordo com o que temos aprendido, sabemos que mais vale um pensamento reto, do que muita mediunidade, para a realização correta de nossas atribuições. Se há amor, há sintonia e proteção, é o que nos dizem nossos Guias.

Tenho feito contatos, através de cartas, com muitos irmãos do Brasil inteiro, que amam os ensinamentos espirituais. Sinto grande reconforto nisso. Espero que seja também para a irmã a mesma alegria, e nisso encontre estímulo para dar continuidade às suas tarefas.

Que Jesus fortaleça seu espírito e de seus companheiros de trabalho.

Cordialmente,

América Paoliello Marques

04. Mais uma cartinha

Margarida.

Desejo que, ao retomar suas tarefas espirituais, seu coração bem intencionado esteja confiante em Jesus para suprir a noção de pequenez e desvalia, que sempre nos ameaça, quando se trata de agir em nome da Espiritualidade.

Na reunião do Departamento Cultural Ramatis, senti que uma forte intuição me vinha de Ramatis, no sentido de encorajá-la a ser confiante. A pergunta que lhe fiz: “Para que serve a nossa cabeça, Margarida?” me foi lançada irresistivelmente por ele, pois insiste sempre conosco na necessidade de sermos confiantes e fiéis aos compromissos, crendo que poderemos cumpri-los, desde que seja Jesus o nosso rumo interior.

Ramatis deseja vê-la confiante e humilde, ao mesmo tempo, como sempre me tem advertido nesse mesmo sentido.

Alegrou-nos muito sua presença entre nós. Que Jesus a ampare e abençoe, em suas tarefas de amor ao próximo, como a si mesma.

Um abraço da irmã

América Paoliello Marques

05.

Margarida.

Sempre que um grupo de irmãos se organiza, uma esperança maior, de trabalho e amor, surge na Terra. Alegro-me muito com a notícia de que seu grupo vai se firmando. Somos como famílias, ligadas pelos laços do coração. Que Jesus lhe proporcione Sua paz, que é feita de grandes e proveitosas lutas.

Teria grande prazer de conversar sobre os assuntos espirituais.

Esperei que você viesse antes de embarcar, mas, certamente, o tempo não foi suficiente. Mas o que é importante, passa-se no plano espiritual. Muitos conversam e não se entendem; outros, entendem-se sem conversar.

Tenho tido oportunidade de falar a nossos irmãos, teósofos e yogues, sobre o trabalho de união do Oriente com o Ocidente, e da missão da mediunidade com Jesus. Nossa tarefa é procurar unir os espíritas “ortodoxos” ou “Kardecistas”, e as correntes milenares de espiritualidade, das quais o Espiritismo é o resultado atual, tentando lançar um brado de alerta para que os homens não continuem a se dividir, em nome d’Aquele que é o Amor e a Unidade. De ambos os lados, encontramos dificuldades. Entre os espíritas e entre os espiritualistas, há idéias tão exclusivistas que os impedem de ver, e sentir, em seus irmãos, companheiros do Caminho, onde o Pastor é realmente um só.

Um grande abraço da irmã e amiga

América Paoliello Marques

06.

Querida Margarida.

Recebi hoje sua cartinha, trazida por sua cunhada. Chegou na hora certa. Precisava das palavras que você escreveu, da autoria de Simbá. Quem é Simbá? Que belas palavras! Exprimem exatamente o que sinto.

Parecem que nossos Guias prevêem as dificuldades que passaremos, e nos enviam boas palavras por amigos que, na mesma faixa vibratória, sonham com o mesmo ideal de Amor expresso na Justiça, para a conquista da coroa da paz!

Obrigada, Margarida. Tive a sensação de receber na alma uma amiga, muito cara e próxima do coração, na hora exata, para curar uma ferida que sangrava!

Estou passando por umas dificuldades naturais, da consolidação de todo trabalho espiritual, quando a sombra consegue assediar amigos muito queridos. E justamente a intuição seguinte que recebi, era essa: “De que serve agir-se com Amor e Justiça, se na hora da provação rude, o trabalhador não assegura seu direito à paz interior?” E nosso amado Ramatis me assegurava esse direito, no campo mais profundo da consciência, exortando-me a garantir meu direito à paz! Você chegou e reafirmou esse direito! Seria ele quem a inspirou? Provavelmente.

Que o mais breve possível, a “margarida” seja um girassol, seguro em sua tarefa de acompanhar a rota do Sol da Vida, nos Espaços Infinitos da Espiritualidade. Você e Andréa (aquela senhora Presidente da Fraternidade Espírita Ramatis), são duas irmãs que, fora do nosso grupo, refletem com fidelidade o Amor que nosso amado Ramatis deseja seja sempre presente, entre os que o seguem.

Que Jesus nos conserve unidas e amigas, são os meus mais sinceros votos.

A irmã,

América Paoliello Marques

07.

Margarida.

Nossa tarefa de tentar unir, parece que vai bem. Até o final do ano, farei quatro palestras em ambientes espíritas, e quatro em grupos teosóficos e yogues. Além disso, na faculdade, tenho recebido excelentes oportunidades de expandir os ensinamentos de nossos Guias.

Peço a você especial atenção para os assuntos da sessão da Fraternidade do Triangulo, da Rosa e da Cruz, na Boa-Nova, com os artigos sob título “O Processo Evolutivo”. Será o assunto que levarei aos teósofos e yogues, a convite do Cel. Hermógenes. Procurarei conseguir comparecimento de espíritas, para consolidar os laços de Amor.

Temos tido boa receptividade por parte do Gal. Milton O’Reilly de Souza, do ICEB, e estamos trabalhando na Penitenciária com irmãos da FEEG. Nesses contatos, temos recebido oportunidade de conversar e desfazer incompreensões, que já esperávamos encontrar e, que surgirão cada vez mais. Mas, como disse Jesus: “É necessário que haja o escândalo, mas ai de quem o provocar.” Nós arrostaremos com as conseqüências desse tipo de escândalo, porque é salutar, o mesmo a que Ele se dedicou – o de ser fiel, acima de tudo, à própria concepção do Amor, e do serviço ao Bem.

Meus mais sinceros votos de paz a você, e a todos do seu grupinho. Que sejam pequenos em número, e grandes em dedicação ao trabalho de Jesus.

Um grande abraço

América Paoliello Marques

América mudou-se para o plano espiritual. Hoje, habitante da Cidade do Grande Coração, situada nos céus de Goiás, onde também se encontra o chacra cardíaco do Brasil.

Como vêem, a vida continua: uns partindo da Terra para outras plagas, e outros chegando de regiões próximas, ou distantes.

É semelhante ao vai e vem nos grandes aeroportos e rodoviárias.

América continua mais viva que nunca, pois o espírito é imortal. Ela trabalha, estuda, socorre e visita, sempre que pode, seus amigos do plano físico, como nós.

Sei que nem todos tem a felicidade da comprovação da sua presença, forte e vibrante, mas nós, como Casa Espírita, estamos preparados para tal evento, através de nossos médiuns.

Eis a prova!

08. O Gólgota (palavras de Margarida)

Certa vez, de maneira involuntária, mergulhei num passado longínquo. Rapidinho, veio à tona, em minha tela mental, pequeno flash de um triste episódio, muito conhecido na história do Cristianismo, ao qual dei o nome de O Gólgota.

Aconteceu numa segunda-feira qualquer, entre 1982 e 1984, dia de reunião destinada ao desenvolvimento mediúnico. Mais uma vez, repito: não possuo nenhuma faculdade mediúnica nesta encarnação.

Todavia, como estudiosa e praticante de magia, em muitas vidas passadas, é lógico que eu a possuísse altamente desenvolvida, e bem treinada. Por esse motivo, perguntei um dia ao meu Guia Espiritual, Shama Hare, por que não escolhi ser médium nessa encarnação, já que estaria trabalhando na seara espírita e ainda tendo que fundar, e dirigir, um Centro Espírita.

A resposta veio logo:

A não mediunidade

Mesmo em se tratando de espírito equilibrado, como o vosso, que já não tem tantos débitos nesta área, pois já queimastes muito vosso carma, e já sofrestes bastante nas regiões abismais; mas. também em muitas encarnações, já vivestes como discípula. Lutastes muito e crescestes, até chegar onde estais hoje.

Contudo, muitos daqueles com os quais trabalhastes, em épocas negras, ficaram para trás com muito ódio; se acaso tivésseis alguma faculdade mediúnica, sofreríeis muita interferência e, vosso trabalho seria desviado da rota final.

Também não seria o caso de serdes médium de tarefa, ou de prova, pois a vossa missão é outra. É a de guiar todos aqueles que ainda ficaram para trás, e que estavam ligados a vós, justamente no campo da magia; por isso, escolhestes também essa dura prova.

Por outro lado, através do trabalho que vindes realizando, vossa intuição está, mais do que nunca, afinada e estais quase como uma médium, de contato direto com as Energias Maiores de intuição pura.

Que as Forças que regem todo o Universo, envolvam este planeta e que as Energias do Alto vos sustentem, na dura caminhada.

Ficai na Paz. Ficai na Luz.

Shama Hare (Guia Espiritual de Margarida)
Em 01/07/1999 - Ilha de Páscoa

Voltemos à narração da vidência do Gólgota.

Após a concentração para exercitar a vidência, cumprindo normas da Casa, eu perguntei a todos os presentes o que haviam visto. Surpresa, ouvi de uma médium, que possuía essa faculdade desenvolvida por mais de dez anos, o seguinte:

- “Vi-me em Jerusalém, em ruas desertas, noite alta. Moradores dormindo. Em seguida, estava no cimo do Gólgota e acompanhei, de perto, a retirada de Jesus da cruz.”

Estavam presentes algumas pessoas mais ligadas ao Divino Mestre. A médium citou o nome de algumas delas que não me lembro.

Todavia, o que me deixou estarrecida, foi que ela acrescentou: “A senhora também estava presente àquele ato de amor.” E continuou:

“Estenderam no chão um lençol alvíssimo e deitaram o Sagrado Corpo de Jesus, bastante machucado, sobre o lençol.

Envolveram-n’O cuidadosamente, com muita compaixão e respeito. Após aquela cena, voltei à realidade e não vi mais nada.

Creio que O levaram para o sepulcro.”

Até aí nenhuma novidade, pois há médiuns que, voluntariamente ou não, mergulham fundo no passado, enxergam claramente o presente, e rompem as barreiras do futuro. Já fizemos esse treino algumas vezes. Porém, o inusitado de tudo isso é que não programamos nada, não demos tema para exercício e, eu havia visto a mesma cena com menos detalhes, e mais rápido que ela.

Recordo-me que o lugar ficava no alto de um morro, terra avermelhada, com muitas pedrinhas soltas, inerentes à constituição do próprio terreno.

Entre os presentes naquela última e dolorosa cena, encontrava-se José de Arimatéia. As pessoas estavam vestidas de branco, e silenciosas.

A lua, com seu encanto e beleza, brilhava no céu, clareando tudo, como se fora dia. Belíssimo quadro daria, se fosse decorrência de alguma situação alegre, festiva. Mas, não era... Havia somente um silêncio que doía na alma, a tristeza infinita acompanhada de profunda dor e mágoa, estampada nos semblantes dos presentes.

Deveria ser entre meia-noite e as primeiras horas da madrugada.

Durante todos esses anos, venho me perguntando: Por que aquela rápida retrospectiva a 2000 anos atrás? Por que minha vidência inusitada, ao tempo em que ocorria a mesma coisa com a companheira, sem que o Grupo tivesse se concentrado sobre aquele assunto? Não damos temas para exercício de vidência, viagem astral, psicografia e outros tipos de mediunidade. É raríssimo isso acontecer e, naquele dia não fugiu à regra geral.

Muitos anos se passaram e surgiu outra revelação, como complemento das vidências anteriores.

09. Sentadas na Praia

Iniciamos, na vigília daquela tarde, sentadas num trecho de praia de Jacaraípe-ES, a leitura do livro, Jesus e a Jerusalém Renovada, obra ditada por Ramatis e psicografada por América Paoliello Marques.

Então comentei com as companheiras, palavras inesquecíveis que me foram ditas por essa saudosa irmã, nas poucas vezes que nos vimos. Lembro-me agora que, certa vez, em um dos nossos rápidos e esporádicos encontros, eu lhe perguntei: América, por que Seres tão evoluídos como o Mestre Ramatis, e outros grandes Seres, descem até nós para nos dar forças, e coragem para a jornada terrestre, e ensinamentos preciosos para nossa escalada evolutiva? Sei que não os mereço!... E ela, calmamente, respondeu-me: Não é por merecimento Margarida. É por amor!

Retomando o relato.

Após a leitura concentramo-nos e, para nossa imensa alegria, ela, América, nos visitou e deixou-nos sua mensagem, como marca registrada de sua generosa presença, naquele momento entre nós.

Obrigada querida irmã. Que Deus a abençoe. Breve estaremos (você e eu) na mesma dimensão, sentadas na areia de uma praia qualquer, desse imenso litoral brasileiro, dando prosseguimento com calma, sem correrias, ao nosso diálogo. Até logo mais, irmã...

Margarida

10. Os equívocos da matéria

Vidência de uma médium: Vejo Margarida e América sentadas na praia, a conversarem como velhas amigas. Captei as seguintes palavras da conversa:

- “Os equívocos da matéria tentamos, momentaneamente, esquecê-los e prosseguir no trabalho, na meta maior de evolução.

As fileiras dos Obreiros do Senhor, trabalhadores sinceros, encontram-se carentes de servidores e, quem, com sinceridade e boa vontade deseja trabalhar, deve esquecer de si mesmo e entregar-se por inteiro à Grande Obra do Cristo.

Há muito entendi que, como centelha gerada por Deus, devo trilhar o caminho que somente me leve de retorno à morada do Pai Criador.Aqueles que amo, busco ajudar, porém, jamais sento-me à beira da estrada, em lamentações, por não aceitarem a ajuda sincera.

Sabe irmã, o espírito imortal é pleno de vida, é extraordinariamente forte quando se decide ao progresso. Entretanto, quando na carne, apesar dos conhecimentos, não somos capazes de aquilatar sua força, sua importância.

Sigamos, confiantes em nosso Mestre Ramatis, que nos reúne em família espiritual, e trabalhemos arduamente por ver materializar-se a Nova Terra, e o mais virá por acréscimo de misericórdia do Pai, Amantíssimo e Justo.

Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida que devemos buscar sempre.

Com amor.

América (mensagem psicografada)
Em 22/03/2003, Jacaraípe/Serra - ES

11. Palavras de América

Outra médium, que participava da vigília, no mesmo instante, sem que uma soubesse o que se passava com a outra médium, recebia da irmã América as ponderações abaixo:

- Ser discípulo do Mestre Ramatis, na plena acepção da palavra é, não somente, adquirir os conhecimentos transmitidos pelo Mestre, mas, praticá-los. Encarar o mundo com coragem, não se importando com o desprezo recebido, ter força e fé para defender-se dos intensos ataques, daqueles que se consideram os donos da verdade. Esses discípulos escasseiam no mundo que viveis.

O Mestre lamenta as desistências, mas a Obra continua.

Outros seareiros surgem, não tão bem preparados, mas imbuídos de boa vontade, lançando-se ao trabalho com confiança plena, e fé verdadeira. A esses devemos ter especial atenção pois, apesar de ainda estarem com as pernas frágeis, avançam destemidos.

Deverão ter as mentes em vigilância redobrada, para o enfrentamento das feras.

Os desertores, aqueles que foram preparados para materializarem a Obra e, por comodismo material, ou medo do ridículo, a abandonaram, não devem ser esquecidos nem desprezados, mas que seu exemplo de invigilância seja alvo de meditação, dos discípulos de última hora.

Buscamos aprimoramento na matéria, mas não podemos esquecer que, somente como espírito imortal alcançaremos a perfeição. A matéria é limitada e transitória, exigindo sempre esforço maior para vencermos os grilhões densos, que a prendem ao espírito, impedindo-o de voar. Devemos sempre nos libertar dessas correntes evitando, ao máximo, que elas se tornem cada vez mais fortes.

Aquele que deserta do serviço, possui pesadas correntes agrilhoando-o e, caminho difícil trilhará até livrar-se do peso.

Segui sempre confiantes pois, em todos os momentos, a Luz intensa dos Mestres nos conduz.

Paz sempre.

América (mensagem psicografada)
Em 22/03/2003, Jacaraípe – Serra/ES

12. Conhecemos Jesus

Ainda naquela memorável tarde de fim de verão, belíssima por sinal, recebemos outra mensagem da querida e saudosa América, que veio completara minha vidência e da companheira médium:

Passados os dias atribulados em que a consciência desperta, para sua nova realidade extrafísica, começaram a ajustar-se os pensamentos, permitindo-me um agir devotado, novamente, na Seara do Bem. (Refere-se aos primeiros dias após o desenlace da matéria)

Como discípula amada do Mestre Ramatis, vejo que continuais firme e corajosa, buscando transmitir aos que vos cercam, as máximas do Amor Universalista gravadas em vossa alma. Assim também se passou comigo.

Conheci Jesus. Também eu me encontrava lá e data daquele importante período, o conhecimento que travamos uma com a outra, em nosso caminho espiritual. Ambas éramos homens reencarnados na Terra, com o propósito de forjar os primeiros moldes do futuro discípulo, que haveria de revelar ao mundo o sentido, universalista e integral, da mente extraordinária do Mestre Ramatis.

Encontro-me, a cada dia, mais e mais equilibrada. Venho procurando alimentar a chama do trabalho, acesa ainda quando em vida física. O trabalho é lento, pois minhas forças não se encontram ainda plenamente sob meu controle, devido aos erros do passado e, embora livre, o corpo espiritual ainda se vê aprisionado, na densidade dos corpos inferiores.

Venho procurando acordar os que dormem sobre o “tesouro de luz” (refere-se a Fraternidade do Triângulo, da Rosa e da Cruz, grupo fundado e dirigido por ela) plantado no coração do Brasil; meus amigos, que tantas vezes comigo ergueram suas vozes, e pensamentos, em louvor e gratidão ao Pai, encontram-se desmontados. Perderam o rumo, por não encontrarem direção na simplicidade.

Também lá, o Mestre Ramatis bateu à porta em busca de trabalhadores, despertos e treinados, para servirem à Luz. Lamentos e negativas foi o que ouviu (Refere-se a obra “Os Intraterrestres e o Despertar da Humanidade).

- “Não temos as condições requeridas para fazê-lo.”

_ “É obra de vulto e não cabe a nós, pobre grupo, realizarmos.”

_ “Não temos tempo.”

_ “Faltam-nos médiuns preparados para tal tarefa.” (receber as mensagens, para organizar o livro sobre os Intraterrenos).

Queriam, os meus amigos, dispor de um canal com as qualidades do valoroso Chico. Apesar de antigos na lida com os estudos espiritualistas, parece que muito pouco compreenderam.

Homem igual ao Chico, preparado para servir, e abrir os olhos do mundo para a realidade espiritual, levarão 100 anos procurando e até lá, após tanto tempo, as mensagens que o Mestre necessita transmitir já perderam o sentido, pois a realidade da vida intraterrena já se fez presente, não mais havendo necessidade de falar-se sobre ela.

Mal podem compreender o mundo material que os cerca, como entenderão o mundo espiritual?

Como entender os planos que interseccionam as realidades, física e espiritual, levando esperança aos corações despreparados?

Às vezes me pergunto se falhei de alguma forma, por não ter sido capaz de transmitir-lhes a total e irrestrita fé depositada no Mestre Ramatis, e em suas palavras sempre firmes e amorosas.

Seguem-se os anos sobre a Terra, e as criaturas envelhecem.

Somos espíritos imortais e, somente permanecemos imutáveis na medida em que nos prostramos diante do materialismo da vida física, abandonando a real vocação da ascensão perene.

Deixo-vos abraços carinhosos. Pouco posso oferecer de minha força, pois que ainda a estou reunindo, mas, de onde me encontro, meu coração irradiará, permanentemente, a força da fé que me moveu por tantos anos, irmanando-me aos seus propósitos, querida irmã, de servir ao Mestre Ramatis com todas as forças de sua alma.

Salve Margarida. Deus vos salve!

América Paoliello Marques (mensagem psicografada)
Em 22/02/2003 – Jacaraípe, Serra/ES

Lembrete: Não deixe, se possível, de enviar aos meus (refere-se ao Grupo Espírita que ela fundou e dirigiu), a publicação que hora fomentais, anexando-lhes minhas palavras de convite ao trabalho incondicional, humilde e dedicado.

Paz sempre.

América

13. Jesus e o Gólgota

Vinte anos mais ou menos, após aquelas vidências extraordinárias em nosso GESJ, a querida e saudosa irmã América Paoliello Marques, de maneira inusitada e muito clara, vem confirmar minha presença em Jerusalém na época de Jesus.

Recentemente (2004), outra médium do GESH, viu-me como homem naquela noite, no alto do morro, um pouco afastado, assistindo a descida do corpo do Mestre Jesus da cruz, e ser colocado num lençol branco. Várias pessoas participavam daquela sublime cena. A seguir o relato da médium:

Vidência: A energia do ambiente é muito forte. Há intenso Sol a iluminar e nos aquecer.

Vejo Jesus crucificado no Gólgota, sendo retirado da cruz.

Margarida, que é homem naquela encarnação, ao longe, observa tudo atentamente, acompanhando até o final, quando Ele é retirado do local. Profundas emoções transparecem em sua face; parece que a partir daquele ponto, sua existência, transformou-se, seguindo novos rumos.

02/08/2002

14. Seus olhos se encontraram

Vidência: Estávamos conversando a respeito de uma das mensagens recebidas no Grupo, quando olhei para Margarida e, no lugar dela, vi um homem de bigode e barba. Surpresa, comentei com as companheiras o que estava se passando, e ela recomendou-nos que nos concentrássemos outra vez, para entender melhor o que nos apresentaram.

Durante esta 2ª concentração vi um homem baixo, com idade entre 25 a 30 anos, bigode farto, cabelos curtos e escuros. Caminhava pelas ruas de terra batida de um vilarejo, localizado em região seca e agreste. Parecia perdido e confuso, como que buscando algo que não encontrava, e isso o deixava insatisfeito.

Em sentido contrário ao daquele homem, porém na mesma rua, eu vi caminhando, cercado de pequena multidão, o Mestre Jesus.

Homem forte, de corpo robusto, com aproximadamente 1.70 m, tez bronzeada, cabelos escuros sedosos, caindo sobre os ombros. Seu rosto largo apresentava traços marcantes, típicos de sua raça, e que contrastavam com os grandes olhos amendoados, e de doçura indescritível.

Enquanto caminhava conversava, animadamente, com seus companheiros de peregrinação, como a lhes elucidar alguma questão levantada pelo grupo. De repente, os dois personagens se encontraram no caminho, e pararam bem perto um do outro. Por instantes seus olhos se fixaram. Jesus o fitava como que lendo, através dos seus olhos, seus anseios, dúvidas, questionamentos, toda a história de sua vida. Olhava para aquele homem como se já o conhecesse, pessoalmente, há milênios. Era como se cada encarnação do moço estivesse sendo acessada em segundos.

Foram apenas alguns segundos, que mais pareceram uma eternidade; então, o Mestre inclinou-se suavemente e sussurrou algumas palavras, ao ouvido daquele homem, palavras que me foram vedadas conhecer. Em seguida entreolharam-se, novamente, e cada qual seguiu seu caminho.

Para aquele homem um mundo novo parecia estar nascendo pois, em seus olhos, podia-se notar um brilho diferente... E a vidência encerrou-se ali.

Nota: Ficou claro que aquele homem baixinho de outrora é a

Margarida de hoje.